quarta-feira, 30 de junho de 2010

Das boas coisas pequenas

Caramba!, estou muito feliz: acabo de saber que ganhei o concurso de microcontos promovido pela Academia Brasileira de Letras via Twitter.

Eu sempre gostei de fazer microcoisas. Quando crescer, é só levar um casaquinho.
:o)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Melhor não dizer

Outra da Lara, ontem ao meio-dia. Levanta-se do sofá repentinamente:

- Mamãe... Já que eu já tenho um metro e já fiz três anos, posso preparar a minha comida sozinha, né?

Fico tentada a explicar que não, nem todas as pessoas com (bem) mais de um metro e (beeem) mais de três anos já sabem preparar suas comidas sozinhas. Deve ser bom incentivar as crianças a pedir ajuda, penso.

E posso continuar o discurso por aí: “Às vezes, minha filha, mesmo para coisas simples como preparar a nossa comida, precisamos de alguma orientação.”

E ela perguntaria: “O que é orientação?”.

Aí eu teria que responder que orientação é quando você pergunta:

- Moço, quantas fatias tem essa pizza família?

É, deixa quieto.

domingo, 20 de junho de 2010

A festa da família de papel

Filhota,
um domingo de quase inverno, você estava gripadinha e a mamãe não tinha a menor ideia do que fazer para distrair você.

Aí, acabou o papel higiênico e a mamãe foi trocar o rolo. E então...
O rolo vazio virou Rei!
E ganhou uma coroa, braços, mãos, pernas e uns óculos escuros “maneiros” - como você sugeriu.

Quando eu pensei que o Rei Rolo estava pronto,
você me enrolou mais um pouquinho:

- Mamãe... Já sei! Precisa fazer a filhinha do Rei!

O Rei Rolo então ganhou uma filha, a princesa Linda – como você sugeriu.

E já que ela era filha do Rolo,
ganhou logo de cara um bolo.

E o bolo ganhou uma vela,
e a vela ganhou um sopro,
e o sopro ganhou um pedido,
que naturalmente era segredo.

Mas segredo de papel pode contar!

(Chegando bem pertinho)
Sabe de uma coisa?
Você nem vai lembrar,
mas eu nunca vou esquecer
o nosso dia especial:
o dia da Festa da Família de Papel.

sábado, 19 de junho de 2010

Festas infantis - como sobreviver no resto do ano

Isso não tem a ver com maternidade, mas vejam se não é uma faceta indigesta das “facilidades incríveis” que o mundo virtual nos oferece – inclusive na maternidade.

Como fiz uma festinha de aniversário para minha filha em fevereiro, pesquisei várias empresas de serviços, comidinhas, decoração e outras coisinhas infantis. Porque mandei alguns e-mails pedindo orçamento e informações para as que mais me agradaram, passei a receber as “novidades” dessas empresas. Ah, o bendito cadastro obrigatório...

Durante os preparativos da festa a gente até vai curtindo, pensando nas mil e uma opções de chapeuzinhos e cajuzinhos, que coisa fofa, que coisa meiga. Hum. Aí vem a festa. Hum. Supostamente, depois que o chão do play virar um mar de borracha e papel crepom, e a sua filha estiver com dor de barriga de tanto ingerir fritura e açúcar, você estará “por aqui” de ouvir falar em festas infantis e só vai pensar em língua de sogra no ano que vem, certo?

Doce ilusão, darling. A festa não pode parar, e o marketing digital é implacável: mesmo que eu não queria saber, eles fazem questão de me avisar – e seguem me avisando, sistematicamente – quantos animadores novos foram contratados essa semana, e quantos “combos” maravilhosos são oferecidos a um precinho camarada, e...

Peraí, mas eu nem contratei animação!

Não importa. Já sou “amiga” no Orkut de uma empresa que me prestou um serviço, e eu caí na bobagem de postar um comentário no site deles elogiando a equipe (que, realmente, foi impecável). Bom, quem mandou eu elogiar? Agora, terei que conviver com constantes “atualizações” de fotos de pula-pula, trenzinho disso e daquilo, piscina de bolinha... para não falar nas festas juninas e na Copa, é claro.

Tudo isso é absolutamente irritante, mas até compreensível. Se eu sou o público-alvo deles, vão atirar em quem? Ni mim!

Mas a maior vocês não sabem: comecei a receber também convites para participar de cursos e treinamentos em animação.

Já imaginou, eu de Rei Leão?
Canto, danço, sapateio e mordo!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Desavenças musicais na escola

Mais um dia, mais uma novidade: ela chega da escola, com a mesma cara de sempre, e eu encontro um bilhete da professora contendo a seguinte informação: “uma amiguinha bateu com um chocalho na cabeça dela. Colocamos gelo. Favor observar”.

Ai, a maternidade é como o circo: várias piruetas por dia, mas nenhuma rede de proteção. Uma amiguinha e um chocalho. Hum, vejamos a principal lição que podemos tirar do “episódio”:


Que a iniciação musical é uma coisa potencialmente perigosa
(isso eu já sabia desde que me aventurei com uma banda de rock por esse mundão velho sem porteiras, but... nunca é tarde para reforçar o conceito).

Veja no que deu este indivíduo - o baterista -, por exemplo, que certamente foi estimulado na sua mais tenra infância a praticar a animada arte dos tambores e a curtir a vida adoidado como se não houvesse amanhã.

O resultado é este constrangimento universal de quase 34 mil visualizações:



Hihi, está bem, eu estou exagerando um pouquinho.
Mas qual mãe não exagera, pô?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Delivery de filha

Agora que ela finalmente está frequentando as aulas, já que as gripes deram uma trégua (toc, toc, toc!), começamos também a investir na adaptação do transporte escolar - ou simplesmente “condução”, como chamam aqui.

No início, ficamos meio ressabiados, mas a empresa é recomendada com muita confiança pela escola – que, por sua vez, já faz parte da família há décadas e tem a minha aprovação irrestrita desde o primeiro dia de aula. E olha que sou uma observadora atenta, crítica e, dizem alguns, implacável.

Nas primeiras viagens com a condução, um de nós sempre ia junto, de “carona”, e a Lara não teve problema algum com essa adaptação. Pelo contrário: quem esteve mais insegura fui eu, querendo burlar o processo e indo buscá-la de vez em quando – está bem: todo dia! -, até que me dei conta de que não precisava mais. Afinal, ela mesma já pedia: “cadê o meu ônibus, mamãe?”. E a mãe aqui tentando se acostumar à ideia de que a pequena já encara o transporte coletivo, hoho.

Verdade seja dita: no primeiro dia em que pus os pés naquele ônibus, senti que daria certo. O motorista é cuidadoso ao extremo, e o carinho das crianças com ele é impressionante. Além disso, a monitora é um doce, e a Lara foi logo fazendo amizade com ela. Outro ótimo sinal: vim conversando com as crianças maiores, do ensino fundamental, que me contaram que estão na mesma condução desde que tinham a idade da Lara. Todos se conhecem e cuidam uns dos outros. É um ambiente familiar que dá um enorme conforto para a nossa rotina intranquila, mas necessária, de ter os filhos “na rua” em uma cidade enorme como esta.

No momento em que escrevo este post, aguardo a “entrega” da minha filha.

Ansiosa, claro. E um pouco paranoica, naturalmente.

Vou ali dar um telefonema e já volto.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Memória e fantasia

Ontem ela brincava com as panelinhas.

- Mamãe, agora vou fazer uns muffins!

Estranhei o termo, porque não me lembro de termos comido ou falado nesse tipo de bolinho ultimamente. “Filha, quando você comeu muffins?” -, quis saber.

Virou-se, cheia de propriedade:

- Quando eu estive em Praga.

É um barato: a memória das crianças é uma casa de tijolinhos desordenados. Realmente ela esteve em Praga, mas tinha só um aninho e, que eu me lembre, não comeu muffins por lá. Mas ouviu nossas histórias de Praga, e andou sabendo de muffins por aí, então as duas coisas viraram uma só no improviso da fantasia. Bonitinho.

Mais engraçado ainda é quando ela mistura os tempos, como se não houvesse linearidade na história. Um dia, estávamos conversando sobre quando ela era um bebezinho (um de seus assuntos preferidos), quando ela arriscou:

- Quando eu ficar bebezinho de novo, vou querer dormir com essa mantinha florida.

Noutras vezes, o salto no tempo é ainda mais doido:

- Mamãe, quando você ficar bebezinho eu vou te dar mamadeira e cuidar de você.

E o mais fantástico: outro dia descobri que ela pensa que a minha gravidez é uma coisa “recíproca”, a saber: quando eu estive grávida, ela morava na minha barriga. Por outro lado, quando ELA esteve grávida, eu também morei na sua barriga. (!)

Esse papo divertido rolou durante o banho dela.

- Filha, mas EU sou sua mãe...

- Sim, e eu também era grávida de você.

- Na verdade, EU estive grávida de você.

E ela assustada, olhando a própria barriga:

- Então quem morava na minha barriga???

Faz sentido, geralmente é alguém da família mesmo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Primavera, a música

Tô meio sem palavras com isso, então: quem tem filha menina, veja. Quem gostaria de ter, veja. Quem gosta de música, veja. Quem já foi cantora e teve um estúdio em casa, veja. Quem nunca foi e sonha ser um dia, veja. Quem teve um dia difícil hoje, veja. Quem quer rir um pouco e ficar mais leve, veja. Vejam, vejam.

Com vocês, Pato Fu, Primavera (e as flores):

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Era uma casa muito engraçada

O post anterior – sobre a pose da minha filha, argumentando que já tem “um metro” – me lembrou dessas artimanhas que só as crianças têm para tentar nos convencer a fazer suas vontades. Todo mundo é capaz de relatar cinco ou seis frases recentes, ditas pelos filhos, que nos “desarmam” e, se não nos convencem, pelo menos causam bons momentos de gargalhadas e histórias para contar.

Mas tem uma categoria de argumentos que eu só conheci com a Lara, que eu jamais imaginava que as crianças trouxessem na manga desde tão novinhas: são os “auto-argumentos”. Aqueles que elas usam para convencer a si próprias de que determinado desejo não irá acontecer, e não vai adiantar espernear, porque ovos de chocolate não serão servidos no café da manhã... bom, pelo menos não “nesta” casa.


Lá na minha outra casa...

Um dia ela me perguntou se podia comer chocolate logo ao acordar. Eu disse que não; ela insistiu, eu não cedi. Quando imaginei que ela pudesse fazer um chororô - e já fui me preparando para a argumentação -, ela me surpreendeu:

- Mas lá na minha outra casa eu posso comer chocolate de manhã.

E pronto. Com isso, resolveu a questão e foi comer o que havia para ser comido.

Claro que fiquei curiosa e fui perguntando onde ficava essa outra casa. “Fica no sétimo” - respondeu de pronto. Como moramos no sexto andar, e a avó dela mora no oitavo do mesmo prédio, imagino que o tal “sétimo” devia estar atiçando a curiosidade dela há muito tempo. Resolveu, então, “alugar” o apartamento de cima para sua fantasia. E saiu baratinho...

A partir daquele dia, sem que eu jamais estimulasse ou chamasse o “sétimo” ao assunto, ela espontaneamente começou a mobiliar a “outra casa” com os mais puros elementos do seu desejo. De modo que essa outra casa já tem coelhos cor-de-rosa, gatos, cães, festas de aniversário diárias com bolos imensos e... é claro, uma irmãzinha. Que, aliás, é “muito bebezinha” e tem um nome parecido com o dela: Laura.

Tudo isso ela foi ela foi inventando, sem a nossa interferência, a cada resposta negativa dada a uma vontade sua. Claro que essas vontades não são quaisquer vontades; como podem notar, são desejos do tipo “vou pedir, mas desconfio seriamente que não vá colar...”. As vontades miúdas ela continua tendo, e insistindo, e ensaiando uma manha, uma birra, etc.

Mas que a casa do sétimo andar é uma boa ideia, lá isso é. E eu já ando louca para perguntar se tem um quartinho de hóspedes...

domingo, 6 de junho de 2010

Feliz 'um metro' de vida!

O pediatra espichou a pequena e constatou: ela já tem um metro!

Ah, mas ficou toda prosa com as novas medidas. Saímos de lá comemorando a moça de um metro: parece que foi ontem, você morava na barriga da mamãe, depois cabia na mão do papai, e ela bem orgulhosa, toda tal.

Bastou chegar em casa e ela inventou de me pedir qualquer coisa descabida – não lembro agora, mas foi alguma traquinagem dessas bem impossíveis de mãe deixar.

- Nem pensar, minha filha.

- Mas mãe... (e botou as mãos na cintura) Eu já tenho um metro!!!

Of course não colou, mas valeu a pose - e a tentativa é legítima, oras.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Próximo passo: tratamento contra alergia

Pelo teor dos comentários do último post, vemos que o cenário das múltiplas gripes no primeiro semestre das crianças na escola é mais uma das realidades que nós, pais e mães, temos o desafio de enfrentar - de preferência sem perder (todos) os cabelos de uma só vez.

Já quanto às rugas de preocupação, infelizmente devo constatar que... bom, pelo menos o tempo também nos brindará com as evoluções dermocosméticas e, em último caso, as limitações oftalmológicas típicas da idade nos impedirão de avaliar o tamanho exato do prejuízo.
Hoho, cruzes.
**

Agora voltando ao assunto sério. Estivemos hoje, outra vez, no consultório do pediatra. Ela continua sem febre, alimenta-se muito bem, tem ânimo para brincar, dançar, correr e tagarelar como um rádio durante o dia. Ao cair da tarde, porém, a tosse seca começa a chatear. E basta deitar na cama para, meia hora depois, os acessos de tosse impedirem o sono, o sossego, o descanso – é de dar dó.

O pediatra ponderou as mesmas coisas de sempre: as mudanças de temperatura, o início do convívio com as outras crianças, etc. Mas, dessa vez, achou que já está na hora de começarmos um tratamento mais longo (de três meses) contra a alergia.

Segundo ele, as crianças alérgicas têm mais dificuldades em superar os processos desencadeados pelas gripes e resfriados, acumulando secreções por mais tempo e dificultando, assim, a “cura” dos sintomas. A tosse noturna foi avaliada como uma faringite de fundo alérgico, que realmente piora ao deitar. E uma informação importante (que eu não sabia): as crianças alérgicas, segundo o pediatra, também são mais suscetíveis a constantes contaminação por vírus. A explicação é simples: secreções constituem um terreno fértil para a proliferação dos danadinhos. É um círculo vicioso, porque uma gripe causa secreções, que desencadeiam um processo alérgico, que retarda a “cura” da gripe, promovendo mais secreções que, por sua vez, deixam o ambiente propício a receber mais vírus...

A seguir, cenas do próximo capítulo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quando é chato ser mãe

Não tenho postado aqui ultimamente, e hoje resolvi pensar no porquê. Seria fácil fazer umas piadas e reclamar um pouco da vida – costumo misturar esses dois ingredientes com alguma frequência, vocês sabem -, mas resolvi dizer a verdade: tá meio chato ser mãe nesses últimos meses. Tá beeeem chato.

Como estou vivendo uma fase “tenho tudo que amo, amo tudo que tenho, e o resto estou conquistando”, não seria nada justo reclamar da vida. Mas o fato é que doença de filho não tem a menor graça, ainda mais quando é tão recorrente que você não tem tempo de se recuperar emocionalmente de uma, e já vem outra para atrapalhar o sono (literalmente) da família.

Graças a Deus, a Lara não tem nada de mais. Apenas que, desde o dia 01/05, tem praticamente “emendado” uma gripe na outra. Não tem altas febres, nem grandes complicações respiratórias: apenas dor de garganta, tosse, nariz escorrendo, catarro. E, quando começamos a respirar aliviados, basta passar uma semana frequentando a escola normalmente para que os sintomas reapareçam, detonando todo o processo outra vez.

Não sei se já comentei aqui, mas ela entrou para a escola no final de fevereiro, ao completar 3 anos. Depois de uma semana em adaptação, ficou doente e eu tive que mantê-la em casa por uns 10 ou 15 dias. Como fizemos uma viagem grande em março, e ela ficou com meus pais, resolvi mantê-la fora da escola mais um mês – para evitar novos contágios, e também para poupar meus pais do processo de adaptação, sempre cansativo. Ela não teve nenhuma gripe no período em que ficou em casa, e estava ótima quando voltamos da viagem.

Então, ela entrou definitivamente para escola no dia 12 de abril. Fiz a adaptação normalmente, e tudo ia muito bem nos primeiros 15 dias, até que ela pegou a primeira gripe. E a segunda, e a terceira, e a quarta...

Já a levei ao pediatra algumas vezes, e ele sempre diz a mesma coisa: é um quadro viral típico, ela está em contato com muitas crianças pela primeira vez na vida, etc. Acredito sinceramente nesse diagnóstico, mas não deixo de me preocupar (mãe de primeira viagem...) e sentir peninha dela. Além disso, as “gripes” andam rolando aqui em casa com uma frequência inédita: eu mesma fiquei gripada três vezes só no mês de maio, coisa que nunca tinha me acontecido antes!

Por outro lado, a maioria das mães de crianças pequenas que conheço estão se queixando do mesmo problema: a mudança de temperatura, as crianças fechadas nas salas de aula, o sistema imunológico dos pequenos ainda está se formando e... atchim! Outra vez.

É engraçado que, quando inventei o nome deste blog, só pensei em citar uma frase que toda mãe repete como um mantra, independentemente das condições climáticas. Agora, a verdade é que estou ficando neurótica e obsessiva, querendo controlar cada ventinho que a minha filha possa talvez receber na rua, ou na escola, ou na condução, ou em qualquer lugar ameaçador que não seja embaixo da minha asa.

É, tem sido meio chato ser mãe. Imagine ser filha.