Quando decidimos fazer a festa de três anos da Lara no salão do play, pela primeira vez, eu desconfiava seriamente que aquela “boa ideia” poderia se voltar contra mim. Estávamos sem babá, ela ainda não havia entrado para a escola, e eu tinha acabado de aceitar o convite para cantar em um evento grande, com uma banda que eu nunca tinha visto antes. Nesse contexto, virar produtora de festa infantil era até razoável, se eu tivesse um bom prazo para pesquisar, me organizar, fazer os orçamentos, planejar... Isso no mundo encantado dos meus sonhos tolos. Mas é claro que eu não tinha prazo nenhum.
A solução foi correr contra o tempo e a razão. Comecei a pesquisar no Google e, de cara, entendi que as festas infantis são temáticas. Inicialmente, achei que o tema pudesse ser a minha própria filha – afinal, a aniversariante -, mas que nada! Minha ingenuidade de mãe nascida no final dos anos 70 expirou e eu nem vi. Primeira lição: hoje em dia, tudo são personagens, e os cacarecos já vêm em “combos” – pratinhos, copinhos, balões, toalhas de mesa... Peça pelo número.
A difícil escolha do tema
Comecei a perguntar à principal interessada: “Filha, você quer que a sua festa seja de quem?”. E ela, obviamente: “Quero que seja MINHA!”. Eu sabia! As crianças simplificam, mas a indústria, sabe como é...
Expliquei que, segundo a indústria e os sites especializados, a festa poderia ser da Moranguinho, das Princesas, da Hello Kitty, dos Backyardigans... Para meu desespero, ela passou a manifestar uma preferência diferente a cada 30 segundos. Mostrei fotos na internet, pedi que apontasse o bolo mais bonito, o chapeuzinho mais fofo, os balões... Mas ela preferia assistir a um desenho no You Tube, e me deixava a ver navios com aquela parafernália temática ameaçando minha consciência de mãe boboca: qual desses vai fazer a minha filha mais feliz? Ora, bolas.
Depois de sonhar com o Mickey me mandando fazer 200 abdominais e um bolo derretendo na minha cabeça – ao mesmo tempo! -, entendi que deveria pular essa etapa decorativa e ir direto ao que interessa: comida e brinquedos. Ora, balas!
Arrumei ótimas indicações e parti para o telefone, crente que o contato humano seria meio caminho andado para a produção do evento. Mas fui barrada, sistematicamente, pela pergunta intrigante que mais ouvi dos fornecedores especializados:
- Quais são as cores da sua festa?
Meu Deus! Nem a comida está livre da ditadura do “será que vai combinar”? Até a cama elástica faz questão de se vestir com as cores do tema da festa dos personagens da... gente, cadê a minha filha nesse treco?
Enchi a paciência e determinei: o tema será os Backyardigans, porque ela adora o desenho, sim, mas também porque são os mais coloridos. Foi então que encontrei o meu fornecedor virtual de produtos para festas infantis: o site da Magazine 25. Fui lá e selecionei alguns itens principais dentro do “tema” (chapeuzinhos, máscaras para dar de brinde e a toalha da mesa principal), e o resto eu fui escolhendo de VÁRIAS CORES. Copinhos, guardanapos, pratos e talheres NÃO respeitaram a ditadura das cores-que-combinam. Enchemos o salão de balões coloridos variados – afinal, isto é uma festa infantil ou o quê?
Em breve, parte II.