quarta-feira, 13 de maio de 2009

Confissões de Mãe? Mãe de quem?

Polêmica: o livro da Maria Mariana - "Confissões de Mãe" -, e sua comentada entrevista à revista Época.

Ela começa dizendo que a maternidade anda em baixa, já que seus valores básicos não condizem com as exigências feitas às mulheres de hoje: que sejam competitivas e desenvolvam “agressividade e frieza”; que sejam "mulheres e homens ao mesmo tempo".

Mãe de quatro filhos, e orgulhosa de amamentar há nove anos, a atriz de 36 anos envereda por caminhos surpreendentes: diz que não acredita na igualdade entre homens e mulheres; que a emancipação feminina “teve seu momento”, mas “as necessidades hoje são outras”, e ainda pretende interpretar o desejo divino com a metáfora: “Deus preparou o homem para estar com o leme na mão”.

Quando o assunto é amamentação, assume um tom moralista ao declarar que “amamentar é para mulher que merece” – para, em seguida, emendar a lógica duvidosa segundo a qual mulheres que se preocupam com a estética estariam, automaticamente, bloqueando sua capacidade de amamentar. Científico?

Meteu a mãe no canto

Não acho que a Maria Mariana seja uma doida desesperada atrás de Ibope a qualquer preço, saudosa do sucesso que fez nos anos 90, e por isso danou a dizer besteiras em uma revista de grande circulação. Tampouco acho que seja uma entrevista corajosa de uma mulher cujas convicções não estão de acordo com o que a maioria defende como razoável. O que eu penso é muito simples, e está claro na própria entrevista, quando ela conta algumas cenas de sua história.

Os pais da Maria Mariana se separaram quando ela tinha 7 anos; filha única, foi morar com o pai. Desde pequena, ela era (ou se achava) muito madura e vivia entre os intelectuais, mas “sonhava com uma enorme mesa de família com aquela macarronada no domingo”.

Em outro momento, ela diz que sempre teve a obsessão de ter filhos.

E, finalmente: um mês depois de conhecer seu atual marido, engravidou.

Nunca soube da sua vida, mas, agora que contou à imprensa essas poucas ocorrências íntimas, estou certa de que a Maria Mariana não deu uma entrevista – ou escreveu um livro – sobre maternidade, mas sobre o seu próprio sonho, sua obsessão particular e subjetiva, como são as obsessões e os sonhos que qualquer um de nós tem todo o direito de ter.

Acontece que, em vez de botar a mãe no meio, ela botou a mãe no canto. E saiu dos eixos ao querer impor um caráter genérico à experiência que só diz respeito a ela, a mais ninguém. Medindo e comparando valores que não são mensuráveis ou comparáveis, contraria sua própria afirmação de que “maternidade é tirar seu ego do centro” – afinal, em seu discurso não se vê outra coisa senão a própria Maria Mariana, com um sonho realizado e um amor incondicional pela sua própria obsessão, manipulando questões psicológicas e sociais complexas com uma simplificação que é, no mínimo, precária e inconsistente.

domingo, 10 de maio de 2009

Dia das Mães

Outro dia estávamos aqui, ela no meu colo querendo ver o Barney no You Tube e eu tentando responder a um e-mail.

- Espera, filha. Daqui a pouco a mamãe põe o Barney. Tô fazendo um negócio importante aqui.

Esperou um pouco, com evidente impaciência, e foi só eu tirar as mãos do teclado para beber um gole d’água que ela começou a batucar nas letrinhas, decidida.

- Que é que você está fazendo aí, filha?

- Tô procurando no Guuugo!

***

Pois então. Um feliz dia das mães para todas as mamães geeks!

PS: Impressão minha ou somos do tempo em que “busca” era uma palavra relacionada a algum caminho espiritual?
Ouvíamos música numa fitinha com dois furos, discávamos os números no telefone e usávamos abridores de lata para abrir garrafas de vidro?
(Esfregando os olhos:) Era assim mesmo?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A história das frutas no céu

Minha filha pegou uma gripe e está com uma tosse horrível, que “ataca” principalmente uns 20 minutos depois que ela se deita para dormir. É de cortar o coração vê-la acordar com aquela tosse que engasga, repete e vira um choro doído que só faz piorar o quadro. Corro até o quarto e ela me olha com aqueles olhos miúdos, Deus do céu, não há mãe ou pai que não se sinta um zero à esquerda por não poder fazer nada numa hora dessas, a não ser confortar.


A força do “S.I.M.” - Serviços Intuitivos Maternos

Já que estou falando de conforto, aqui vai uma especulação: serviços intuitivos podem ajudar. Outro dia, diante dessa situação horrível, e com ela no colo sem conseguir cessar o ciclo choro-tosse-choro, danei a contar uma história que inventei na hora. Era uma festa das frutas no céu.

Comecei a descrever a melancia chegando, com seu vestido verde e vermelho, depois a banana, a maçã, o kiwi e assim por diante. Cada fruta eu ia enfeitando com detalhes coloridos. Dizendo assim parece mentira, mas não é: ela parou de tossir em poucos segundos, foi se acalmando e prestando atenção na história, os olhinhos foram se fechando... Enfim, adormeceu. Todo o processo não durou mais do que três ou quatro minutos, e assim tenho feito a cada vez que ela chora com crise de tosse. É batata.

Depois foi que parei para pensar. Frutas no céu? Que maluquice tinha sido aquela? Por que eu teria puxado, de improviso, justamente uma história assim (e não assado)? Minha curiosidade literária – sem nenhum embasamento teórico, diga-se – não me deixou em paz, e passei a fazer uma análise subjetiva do que resolvi chamar de “S.I.M.”- Serviços Intuitivos Maternos. Foi divertido.

Se a minha necessidade, naquela hora, era dar conforto, vai ver criei uma festa de frutas no céu porque aquilo reunia vários elementos que eu queria poder dar a ela naquele momento. E, já que não podia proporcioná-los de fato, apelei para o poder simbólico. A saber:
- Frutas = frescor, saúde, variedade...
- Cores = divertimento, beleza, graça...
- Céu = paz, tranquilidade, descanso...

E assim por diante.

Além disso, minha micro-história só lida com categorias absolutamente conhecidas por ela (uma menina de 2 anos). Os elementos são familiares e fazem parte da sua rotina; talvez porque a demanda “gerar conforto imediato” não combine com “instigar novos desafios de linguagem”.

Outro ponto a se observar é a estrutura circular da micro-história. A fruta chega, é descrita em detalhes e, finalmente, entra na festa; depois chega outra fruta, e outra, e mais outra... E nada de suspense, clímax, pontos de virada ou qualquer coisa que desvie o rumo confortável, previsível, redondo e chatinho da conversa. Efeito sonífero!


Não acredito em bruxas. Mas que elas existem, existem

Finalmente, pode ser que todo esse exercício de pensar na minha micro-história improvisada como sendo um produto do Serviço Intuitivo Materno não faça sentido algum, e outros a considerem uma bobagem sonífera para marmanjo nenhum botar defeito. Tudo bem, não importa se as bruxas (e as mães) existem mesmo ou não. O fato, que pude testar e comprovar com experiência própria, é que há realmente uma cumplicidade saborosa e produtiva na delicada linha que nos une aos nossos filhos. E isso põe abaixo as fronteiras entre “realidade” e “imaginação”, já que o que realmente interessa é o afeto – quer coisa mais sólida e menos palpável do que isso?

Em outras palavras, é bonito pensar que ela, no desconforto da gripe, teve disposição para embarcar na minha historinha de frutas no céu. E é mais bonito ainda entender que eu, antes mesmo de perceber que ela possuía um barquinho, desembestei a falar – sem saber que já improvisava um riacho.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Adélia Prado - citando a fonte

Apenas completando a citação da Adélia Prado, que fez tanto sucesso por aqui: o texto pertence ao romance "Solte os Cachorros" - Ed. Siciliano, 1991 (texto original de 1979).






Por falar nisso, uma ótima sugestão de presente de dia das mães!

Refrigerantes "aditivados"

Existe um corante de nome lindo – o “amarelo crepúsculo” – que, vejam vocês, favorece a hiperatividade infantil. Segundo teste recente feito pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, ele está presente nos seguintes refrigerantes:

- Fanta Laranja
- Fanta Laranja Light
- Grapette
- Grapette Diet
- Sukita
- Sukita Zero

Esses mesmos refrigerantes também contêm o “amarelo tartrazina”, considerado de alto potencial alergênico.

Ponto, parágrafo.

Agora, vamos às notícias sobre câncer. Sete refrigerantes testados contêm uma substância potencialmente cancerígena - o benzeno. São eles:

- Sukita Zero (o caso mais preocupante, com maior concentração da substância)
- Fanta Light (o segundo caso mais preocupante)
- Dolly Guaraná
- Dolly Guaraná Diet
- Fanta Laranja
- Sprite Zero
- Sukita

Veja aqui a notícia e a tabela com os demais refrigerantes testados.