sábado, 27 de dezembro de 2008

Vovó Noel Fashion Week

Fiquei boquiaberta quando minha sogra disse que estava fazendo cinco vestidinhos para a neta. “Coisinha à toa, para ir à pracinha” – ela me disse, várias semanas antes do Natal. E ainda brincou: “um para cada dia da semana”.

Se boquiaberta estava, estupefata fiquei quando vi, na noite de Natal, os tais cinco vestidos prontos. Impecáveis. Lindos! Não resisti e fotografei; quem sabe inspira outras vovós e outras mães talentosas por aí. Afinal, é tão gostoso poder usar alguma coisa feita com amor e exclusividade para você!











PS: Minha sogra, Wilma, foi costureira profissional, fazia vestidos de noiva. Hoje, tem 74 anos e carrega a neta de 12kg com um braço só. Saltitante, independente, dona de si, alegre e confiante, todo ano ela organiza a ceia de Natal e recebe a família em seu apartamento para saborear as delícias que inventa. “Ficou bom?” – pergunta, só para ouvir o coro redundante de gemidos que vara a madrugada, entre repetecos e risadas mil. Noite feliz, noite feliz.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Construir 2009

Me ocorreu agorinha: felicidade é para quem tem estrutura. Não sei se isso compreende fé, inteligência, suporte emocional, jogo de cintura, maturidade, senso de oportunidade ou tudo junto.

Minha vida não é extremamente reclamável, mas é como a gula: tenho sempre fome de ajeitar umas coisinhas. Às vezes, passo do ponto. Já ouvi muito na vida – você está fazendo drama, reclamando de barriga cheia. Em silêncio, e mastigando os últimos farelinhos, eu até concordo, ou então rebato que ninguém sabe de ninguém, cada um com a sua percepção. Uma praia ensolarada pode ser meu paraíso e, para você, o pior dos infernos. Claro que tenho sempre razão e os outros, idem. Ou seja, esse negócio de razão é muito relativo, e perde-se um tempo precioso catando bolinhas de gude esparramadas pelo chão.

Aos 31 anos, com uma filha de quase dois, e às vésperas de 2009, honestamente acredito mais do que nunca no poder das coisas construídas. Nos hábitos adquiridos, na saúde conquistada, nos laços cultivados, carinhos praticados. A disciplina, o passo a passo, a coragem de manter um projeto mesmo indo contra as ameaças de um eventual fracasso.

Minha filha começou a andar no dia 24 de fevereiro deste ano que termina. Até aquele dia, 100% das suas tentativas de andar sozinha resultaram em queda. Imagino que os tombos não fossem bons sinais de que o projeto deslancharia. Hoje, o desafio é pedalar num triciclo e ela já olha encantada para os patinetes.

Em 2009, que todos os pais, mães e crianças construam juntos – e corajosamente - a sua própria estrutura para a felicidade.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ho Ho Ho!



Papai Noel tocando baixo, ho ho ho.
Feliz Natal!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Frido, o palhaço colorido



Não resisto. Numa loja de bairro, vi um palhaço de plástico pendurado num saco e quis trazer embora. Cheguei em casa e “ajudei” a Lara a abrir o embrulho, mais ansiosa eu do que ela.

Muito bem, o Frido (que nem nome ainda tinha) mal se viu livre do saco plástico e a mamãe aqui já foi dizendo “ele é todo desmontável!” –, repetindo a frase que a vendedora esperta lascou lá detrás do balcão quando percebeu que eu tinha dado um olhar interessado ao boneco. Mordi a isca: Frido era nosso.

De noite, ficamos as duas a olhar o palhaço. Batizei com esta rima – Frido, o palhaço colorido -, no afã de tornar o presente mais interessante. A bem da verdade, o nariz custa a sair, as peças não encaixam direito e o chapéu fica caindo toda hora. Graça nenhuma. Mesmo assim, quis que ela pegasse amizade e estimulei o contato.

- Você gosta do Frido, filha?
- A Lara gosta.

Meio caminho andado.





- Ele canta, mamãe?

Ops!, um passinho atrás. Em tempo de You Tube, quem não canta perde pontos. Expliquei que ele só canta se a gente cantar junto, vamos cantar? E cantamos mesmo, mas não se ouviu a voz do palhaço e ele nem mexeu a boca, de modo que a emenda não convenceu.

Achei melhor tentar outra atividade, e inventei de “fazer” o Frido andar no chão. Arrastava o palhaço e ia sacudindo os pés dele, toc-toc no chão, e ela achou a maior graça.

- O Frido tá andando, mamãe! Mais, mais!

“Andei” com o Frido um bocado, e depois disse que ele queria também andar com a Lara. A Lara quer andar com o Frido? Ela ficou animadíssima, e eu pensando, meu Deus, agora ela não vai saber fazer o palhaço andar e vai ficar frustrada – afinal, de fato ele é só um amontoado de plástico e não faz nada!

Ela pegou no chapéu dele e saiu arrastando, com cuidado para que ele não caísse. Com dificuldade, arrastou um bocado. Vi os dois lá adiante, lado a lado. De repente, parou e olhou bem para a cara dele (foi quando pensei: acabou-se, descobriu que o palhaço não anda e vai xingá-lo). E xingou mesmo, mas era outra a reivindicação:

- Devagar, Frido!!!

Frido, o palhaço que corre e, se bobear, pula amarelinha.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Coisa de papai, coisa de mamãe (para meninas)

Coisa de papai: Jogar a filha para cima, rodopiar, virar de cabeça para baixo, dar cambalhota no ar, fazer “menina de circo” com ela pertinho do teto.

Coisa de mamãe: Coordenar os horários da rotina e, vá lá, ensinar a fazer biquinho de charme.

Coisa de papai: Deixar-se seduzir pelo biquinho, permitir certa flexibilidade nos horários da rotina. Afinal, com esse biquinho, quem resiste?

Coisa de mamãe: (Depois de ter ensinado a fazer biquinho e percebido que o papai se deixou seduzir por ele). Alertar o papai para que não se deixe levar pelo biquinho. O da filha, claro! Tudo em vão.

Coisa de papai: Segurar a mãozinha dela no pediatra. Segurar a mãozinha da mamãe no pediatra. Segurar a barra. Segurar o pediatra (para a mamãe bater).

Coisa de mamãe: Fazer de conta que segura a onda, e acabar segurando mesmo. Depois, fazer de conta mais um pouquinho. E soltar a onda de vez em quando (mas escondida).

Coisa de papai: Enfiar o dedo na goela para desengasgar a filha, se for o caso. Chorar copiosa e inexplicavelmente quando ela diz “papaaaai” seguido de algum miado incompreensível que até soa meigo, mas em que língua?

Coisa de mamãe: Ficar perguntando “O que ela disse? Mas o que ela disse, afinal?”, enquanto o pai se desmonta em lágrimas por não saber e não querer explicar.

Coisa de papai: Acusar a mamãe, com um olhar de reprovação disfarçado de interrogação, ao notar que a menina está parecendo um porco-espinho cor-de-rosa: cheia de enfeites e roupas rosa, da cabeça aos pés.

Coisa de mamãe: Dizer que menina é assim, que é para não confundirem na rua, que mal tem, puxa vida?

Coisa de papai: Pedir socorro na hora de vestir a filha, por não saber o que é pijama e o que é roupa de ir à pracinha em meio àquele mundaréu de joaninhas, borboletas, abelhas e demais insetos cravejados de lantejoula e purpurina.

Coisa de mamãe: Conformar-se: é no colo do pai que ela encontrará proteção, aconchego, aventura, diversão.

Coisa de papai: Conformar-se: é no colo da mãe que ela encontrará compreensão, identidade, cumplicidade, audição.

E, volta e meia, ambos estarão redondamente enganados.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mancada no Discovery Kids

A Patrícia Kogut deu uma nota ZERO hoje, na sua coluna do Globo, para o Discovery Kids, por exibir o comercial de um veneno de baratas no meio da programação para crianças em idade pré-escolar. “É de dar medo e parece até piada” -, ela critica.

E nós, aqui em casa, concordamos totalmente. Em meio a bonequinhas que fazem xixi e musiquinhas alegres, de repente entram aqueles sons sinistros e um texto agressivo, bobo, patético. Eu tiro o som da TV na mesma hora, e distraio a Lara com outra coisa. Ridículo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Spa amamentação

Amamentar é o melhor spa que conheço. Não há comparação. Eu tinha uma dieta bem restritiva em relação a algumas substâncias, como já comentei aqui, mas a quantidade de coisas que eu comia (das permitidas) era algo impressionante. Até porque a fome é imensa. E você “sente” que está queimando caloria alopradamente, porque come normalmente e, duas horas depois, está querendo devorar um boi. Nunca comi tanto quindim na vida (brigadeiro não podia), e toucinho-do-céu, e rocambole de laranja.

Dois meses após o parto, eu havia secado os quase 9kg que engordei durante a gravidez. E o leite jorrando, aquela fartura! Cinco meses depois, quando já havia incorporado as atividades físicas, pela primeira vez na vida achei que eu estava magricela demais. Quando fui me pesar, tinha um quilo a menos de quando engravidei (naquele peso eu já estava me considerando ok, não queria emagrecer nada). Ops! Fato inédito: fiquei atenta ao cardápio e incluí umas porções a mais de carboidrato para ganhar um pouco de peso. E ganhei, que isso é fácil. Rapidinho.

***

Bueno, e o tempo passa. Assim que parei de amamentar (Lara tinha um ano), meu corpo foi saindo do estado-spa em que se encontrava. Sorrateiramente. E sem me comunicar. E a minha gula por quindim, toucinho-do-céu e rocambole de laranja não foi embora junto com o leite, não!

Me senti como um atleta que, de repente, pára de treinar. Eles continuam comendo aqueles 15 pratos de macarrão por dia e nem se dão conta de que o corpo não vai queimar tudo aquilo só com uma corridinha no calçadão. O resultado: bochechas rechonchudas e piadinhas da imprensa.

Graças a Deus e ao senso de humor ácido que ele me deu, piadinhas a meu respeito faço eu mesma. Mas o fato é que, em novembro do ano passado (já sem amamentar há 9 meses), entrei – pela primeira vez na vida! – para uma academia e passei a fazer, além da atividade aeróbica que eu já fazia na rua, também musculação. E intensifiquei as corridinhas. Eu estava 3kg acima do peso que tinha quando engravidei.

Hoje, com um ano de academia, estou 2kg acima daquele peso. Ganhei massa muscular, e quero crer que tenha perdido alguma gordura. Insatisfeita não estou, mas é tudo muito suado (literalmente!), e de vez em quando dá uma saudade danada do período que passei no spa-amamentação. Simplesmente porque é muito, mas muuuuito bom poder se entupir de guloseimas sem a menor culpa, e no dia seguinte a mesma coisa, e de novo, e de novo...

Paciência. Doce, agora, só no Natal. (Té parece).

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Carimbador Maluco

Filha,

era 1984, a mamãe tinha 6/7 anos e, como todas as crianças, adorava música. Que será que você vai achar do meu repertório, hein?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tá esquentando

Dizem que os “terríveis dois anos” são implacáveis. Pois fevereiro vem aí, e o verão já anda se debruçando por estas bandas.

Hoje não quis jantar direito outra vez. Queria biscoito.

- Agora não é hora de biscoito, filha. Tem feijão, arroz, carne, chuchu...
- Quero biscoito.
- Olha que bonitinha a cenoura! Lembra que o coelhinho também come a...
- Não. Quero biscoito.

Para encurtar: levou a situação ao extremo, mas sem escândalo. Ela agora deu para usar de elegância comigo. Primeiro, espera eu acabar meu discurso (mamãe jura que está agradando), pacientemente, e depois olha bem nos meus olhos. Fala baixo e pausadamente: “Não. Que-ro-bis-coi-to”.

Suspendi a refeição, também esbanjando elegância, e ofereci água. Educadamente, rejeitou. Calmamente, concordei e disse: “se você tiver fome depois, vai comer arroz e feijão, tá?”. E ela, cordata: “Tá”.

Meia hora depois, pediu biscoito outra vez.

- Lembra, filha, que a mamãe disse que você ia comer arroz e feijão se tivesse fome? Está com fome agora?

Aceitou e fez uma boquinha. Achei tão bonitinho que ofereci também uns bolinhos de batata, o que ela rapidamente topou. Esquentei um pouquinho e coloquei no prato: pode comer que está bom. Ela botou um pedaço na boca e me interrompeu:

- Tá quente.

- Filha, a mamãe provou e não está quente, não, está ótimo.

- Tá quente. Tá quente.

Provei na frente dela, mostrei que a temperatura estava ideal. Mesmo assim, não quis nem uma migalha. “Tá quente”.

- Está bem, não precisa comer. Estou achando é que você está sem fome, e por isso não quer os bolinhos. Não tem problema, a fome acabou, amanhã a gente come.

Fui dizendo isso e levando o pratinho até a pia. Assim que fiz o primeiro silêncio, ouço a vozinha dela lá atrás:

- Tá quente.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Filha com febrão

Primeiro, queria me desculpar pela ausência e falta de simpatia por não ter agradecido antes aos “parabéns” pelo meu aniversário. Antes tarde do que nunca: obrigada e obrigada pelo carinho de vocês!

Saí do ar nesses últimos dias porque a Lara teve o primeiro febrão da sua vida, portanto, das nossas vidas. Gente, que agonia. Acordou chorando e passou o dia grogue, com uma gripe forte que a deixou abatida como eu nunca tinha visto antes. Ligamos para o pediatra e medicamos; felizmente, ela se recuperou rápido. Mas, ainda hoje – terceiro dia –, está com uma tosse bem feiosa, embora ande saltitando pela casa atrás da bola e já exerça normalmente suas funções domésticas (dar “banho”, “comida”, etc) com a boneca chamada “neném”. E sem febre.


“Babãe” caiu também

Dias atrás, saindo da academia, suada, deparei-me com a chegada da frente fria. Um vento entrou rasgando pelos meus ouvidos e ameaçou: óia a griiiipe! Mas mãe não pode ficar doente, como se sabe. Meu pânico é passar qualquer vírus para a Lara – já bastam as besteiras que a gente comete no afã de educar corretamente, não carece transmitir doença também.

Então, como são as coisas. Guardei os ventos e as frentes frias dentro de mim, apertei com bastante força e fiquei boa antes mesmo de ficar ruim. Não tive nada, nem um espirro.

Pois, passados uns dias, a pobrezinha caiu nocauteada. Sofri como nunca tinha sofrido com Lara doente, porque Lara nunca tinha ficado doente assim antes. Passamos o dia em volta dela, entre lenços de papel, conta-gotas e carinhos a granel. Quando a noite chegou, ela já apresentava sinais de melhora. E eu sentia que aquele febrão ia migrando para a minha testa, como de fato aconteceu na manhã seguinte.

Passei o dia de ontem, como diria meu pai, feito “um trapo velho e podre”. À noite, sem babá e com o papai trabalhando fora, ficamos as duas tossindo e reclamando da vida em casa, consoladas por macaquinhos e dinossauros roxos no Discovery Kids. O termômetro passeava de um sovaco a outro, mas felizmente já não acusava febre alta em ninguém. Vencemos, filha. Cof, cof. A babãe já sabia!

domingo, 23 de novembro de 2008

Viva eu

Estou oficialmente de aniversário. Filha, a mamãe está de aniversário hoje. Viu?
E ela, animadíssima:

- Viva o Barneeeey!!!

Um dinossauro, e roxo.

- Viva eu, né, filha?

- Viva eu. Viva eu. (Batendo no peito).

Melhor que nada.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Transporte seguro para as crianças

No dia 17/11, a ONG Criança Segura divulgou uma nota repudiando o novo prazo (31 de março do ano que vem) para a comercialização de cadeirinhas de transporte infantil sem o selo do Inmetro. A briga é longa e nos deixa na pior condição possível: a de não saber como proporcionar segurança aos nossos filhos.



No site do Inmetro, há uma nota de esclarecimento sobre o assunto (do dia 6/11). Eles explicam que a certificação nas cadeiras automotivas se tornou obrigatória somente em abril de 2006. Acontece que nenhum laboratório brasileiro topou se equipar para fazer os devidos testes nas cadeiras (alegaram que “o investimento não traria retorno”), o que obrigou o Inmetro a recorrer aos estrangeiros. Enrolados e apertados pelo prazo, fabricantes e comércio pediram mais tempo para resolver a questão. Alegando que o consumidor sairia prejudicado se os produtos sumissem, o Inmetro esticou a corda e liberou a venda até março.

E o próprio Inmetro salienta: “Obviamente, a certificação agrega confiança na conformidade à norma, mas não necessariamente devemos entender que os produtos sem certificação compulsória são inseguros. Principalmente, no caso em pauta, em que muitos estão no mercado com certificação voluntária.”

Pelo sim, pelo não, a ONG Criança Segura divulga em seu site uma lista das 27 cadeirinhas que já têm o selo de segurança compulsória. Vale consultar.

***

Outros links ótimos da ONG Criança Segura

Guia da Cadeirinha - qual o tipo adequado para cada criança, por peso e por idade.

Dicas de Prevenção – como levar as crianças com segurança, erros mais comuns, etc.

Legislação – saiba o que é obrigatório no transporte infantil.

Selo do Inmetro – como identificar?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pequeno clipe doméstico para coisas que não sei dizer



A Estrada

Letra e música, voz e baixo: Bíbi Da Pieve
Guitarra e violão: Adal Da Pieve
Bateria: Lori Guimarães
Produzido por Mayrton Bahia

Imagens: arquivo pessoal
Rio – Viena – Salzburg (a Catedral)
Participação especial: Lara Prado (na barriga e fora dela)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bebê digital

Eu estava dando o jantar a ela quando ouvimos aquele barulhinho do Outlook acusando recebimento de mensagem. Quis fazer um suspense:

- Olha o barulhinho!

Já ia inventar uma historinha de fadas, plim-plim, borboletas mágicas, duendes, sei lá. Mas ela me cortou:

- Do computador do papai.

Ah, bão.

**

Ela senta no meu colo e ficamos vendo o Barney (e equivalentes) no You Tube. Quando demora um pouco para carregar o vídeo, eu explico: filha, tá carregando. Tem que esperar. E ela espera, mas sacode os pezinhos o tempo todo.

Outro dia nós fomos à casa da vovó. Toquei a campainha, e ela, impaciente:

- Vovó. Vovó. Vovó.

- Calma, filha, tem que esperar.

Pensou um pouco, concluiu:

- Tá carregando.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Aprender com os filhos

Antes de ser mãe, sempre ouvi que “a gente aprende muito com os filhos”. Passei o domingo inteiro com ela. Workshop de poesia.

***

“Bonito”


Estávamos brincando no quarto dela. Tocou a campainha, ela fez uma carinha de expectativa e me perguntou:

- Quem é?

Resolvi devolver a pergunta.

- Quem será, filha? Quem você acha que é?

- Vovô.

- Você está com saudade do Vovô Luiz, filha?

- Bonito.

Ninguém escreveria um diálogo em que a resposta afirmativa para “você está com saudade?” fosse, simplesmente, “bonito”. É coisa de criança, pura poesia.

***

“Do meu coração”


Eu empurrava o carrinho pela calçada e, de repente, percebi que passaríamos por um homem dormindo no chão. Enrolado num cobertor sujo da cabeça aos pés, na verdade os pés e a cabeça apareciam, descobertos e cinzentos, dando impressão de que aquilo tudo era uma só coisa esquecida e abandonada, coberta e homem, unhas, cabelos, tristeza e só.

A primeira coisa que meu instinto materno – politicamente incorreto, claro – apontou foi: preciso desviar, ela vai sentir medo. Ela só tem pouco mais de um ano e meio, ainda não pode entender certas coisas. Vai se sentir ameaçada, imaginar que é um bicho, chorar, levar um susto. E tem mais: aquilo era a imagem da tristeza, da solidão e do abandono, e eu não quero que a minha filhinha tenha contato com isso tão cedo. Ponto final.

Uma vírgula, não dava mais tempo de desviar. Era dia de finados, a rua estava abarrotada, tinha maratona no Aterro e os carros estavam estacionados tão próximos uns aos outros que não caberia nem uma pessoa magra, que dirá uma mãe com carrinho. Não pude evitar; passamos pelo mendigo.

- O moço. O moço.
- Sim, filha, é o moço.
- Dormindo.

Apressei o passo.

- Isso mesmo, filha, o moço está dormindo.
- Quer ver.
- Eu sei que você quer ver, mas o moço precisa descansar, vamos deixar ele ali.
- Quer ver. Quer ver.

À medida que fomos nos afastando, ela deitou a cabecinha para poder acariciar o encosto do carrinho e, como faz com as bonecas quando está brincando, deu pequenas palmadinhas e cantou:

- Nana, moço, do meu coração...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Acordar o bebê para mamar

Outra importante colaboração em forma de comentário (dessa vez, da Luna) confirma a minha impressão de que se deve falar mais sobre o assunto: acordar o bebê para mamar!

"Oi Bibi, cheguei no seu blog atraída por este post... passei pela mesma angustia que a Sinara. Com 15 dias meu bebê em vez de ganhar peso tinha perdido 40g, fiquei desesperada. Ele mama bem, mas o problema é que não acordava e não reclamava de fome. Como mãe d primeira viagem eu acreditava que quando ele estivesse com fome iria chorar, ledo engano! Quando são pequenininhos, como vc mesma disse é preciso acordá-los (o que nem sempre é fácil) e amamentá-los de 2 em 2 horas, não é uma tarefa fácil, pelo contrário super desgastante, mas em uma semana já se nota diferença.

Boa sorte para a Sinara."


Obrigada, Luna, pelo seu comentário!

Acordar o bebê é um assunto polêmico, e ainda há quem pense que faz mal. Na verdade é um mito, e acredito que faça parte de um conjunto de informações difundido numa época em que se valorizava uma espécie de "sabedoria da natureza" levada às últimas conseqüências - assim, seria melhor deixar tudo acontecer naturalmente, sem jamais interferir na ordem espontânea das coisas.

Como bem disse a Luna: ledo engano. Nada contra a (super, mega, ultra) sabedoria da natureza e a ordem natural das coisas. Acontece que os bebês precisam ser ensinados, e podem - e devem! - ser ajudados por nós. Acordar o bebê não faz mal nenhum, e é muito melhor do que ficar preocupada com a saúde do filho ou culpada achando que está fazendo algo errado. Ou, ainda pior: pensando que o seu "leite é fraco". Não existe leite fraco.

Dica esperta para acordar o bebê: massageie a palma da mãozinha, devagar. Se mesmo assim não acordar, coloque-o "sentadinho". Ele abrirá os olhos na mesma hora. Não precisa ser nada dramático, tudo pode ser feito suavemente e com carinho.

Alguns bebês muito novinhos adormecem durante as mamadas. Quando isso acontecia, eu massageava a mãozinha dela, ou "tirava" (na verdade, iniciava o movimento como se fosse tirar) um pouquinho o bico do seio da sua boca; ela despertava e seguia mamando mais um pouco.

domingo, 26 de outubro de 2008

Quando o bebê não ganha peso

A Sinara, leitora deste blog, enviou um comentário dizendo que o filho dela (18 dias de idade) mama super bem, mas, segundo o médico, o problema é que o bebê "não está conseguindo ganhar peso".

O assunto é delicado e requer orientação profissional, sem dúvida. Mas eu respondi ao comentário da Sinara e depois fiquei com medo de que ela não encontrasse a minha resposta, já que ela comentou no post Desmame, de janeiro deste ano.

Então, resolvi postar aqui a minha resposta, mesmo que o texto não esteja lá essas coisas. Porque fiquei preocupada com ela, e também porque creio que possa servir a muitas outras recém-mães que estão enfrentando as insguranças, tão naturais, com seus recém-nascidos.


Sinara, querida,

não sou uma especialista, sou apenas uma mãe de primeira viagem. Mas, como estou mais ou menos informada sobre o assunto, a dica que posso te dar é:

Quanto mais o bebê mama, mais leite você produz. Se ele não está ganhando peso, é sinal de que não está mamando o suficiente.

Se você diz que ele mama "super bem", talvez o problema esteja na freqüência com que ele mama - ou seja, ele mama bem, mas poucas vezes ao dia.

Uma pergunta: você acorda o seu bebê DURANTE O DIA para mamar? Aos 18 dias, muitas vezes os bebês dormem e simplesmente não acordam de fome. O pediatra da minha filha foi bem claro logo que saí da maternidade: ACORDE a sua filha para mamar, durante o dia, de 3 em 3 horas.

Se o seu filho pesa menos de 2.900kg, há um livro muito bom - que eu tenho e recomendo! - que diz que ele deve ser acordado para mamar de 2 em 2 horas. Ao atingir essa marca, passa para intervalos de 3 horas - e assim seguirá até os 4 meses de idade.

O nome do livro é: "A Encantadora de Bebês", e a autora é Tracy Hogg. É praticamente um manual de instruções!



Mas, falando sinceramente, é muito complicado dar dicas nesse assunto, porque pode ser uma porção de outras coisas, e só mesmo um pediatra para orientar com propriedade.

Busque ajuda, e não encuque: você não está fazendo nada de errado! Seu filho é um recém-nascido, vocês dois estão passando por essa fase de adaptação que é muito natural, oras.

E outra coisa: eles são muito mais fortes do que aparentam. Não encucar! Não encucar jamais!

Dê notícias. Beijos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Leite materno: o que passa e o que não passa?

Esta é uma das questões mais controversas do assunto mamães/bebês. Afinal, o que “passa” para o leite materno e o que não passa? Álcool e drogas são uma unanimidade: passam, sim, e fazem mal (a ambos, claro).

Mas o consenso pára por aí. Há pediatras que afirmam que a lactante pode comer de tudo, sem se preocupar em causar cólicas no bebê. Outros aconselham parcimônia. E ainda outros, como o da minha filha, chegam na maternidade com aquela pastinha na mão e dizem justo o contrário do que você esperava ouvir.

Não sei de vocês, mas eu vivia me controlando para não “abusar” durante a gravidez, para não engordar demais (deu muito certo, aconselho). Entretanto, como ninguém é de ferro, assim que costuraram a minha barriga eu já estava sonhando com uma montanha de ovos de páscoa, uma bacia de sorvete, brigadeiros rolando ladeira abaixo e todas as bobagens que não podia comer antes.

- A partir de agora você está amamentando, então vai cortar do cardápio as seguintes coisas...

Ai, os médicos e seus tons pastel para dizer chicórias. Resumo da ópera:

Eu amamentei por um ano e, durante esse tempo, segui uma dieta bastante restrita: zero lactose, para começar (o que não é nada fácil se pensarmos que qualquer bolinho ou biscoito inocente leva leite, isso para não falar nos queijos – zero pizza, zero sanduíches incrementados, zero saladinhas com queijo...).

Nem café pingado eu bebia, até porque a dieta também era zero cafeína. Adeus, Coca Cola e Guaraná, chá preto, mate, etc. Proibidos também estavam os condimentos, os crustáceos, as frituras e comidas gordurosas, a comida japonesa crua, e o pior: zero chocolate!

A explicação do pediatra era que tudo isso “poderia” causar cólicas no bebê. Poderia.

Pois bem, até hoje eu não entendi se segui aquela dieta porque sou muito CDF - e não consigo receber uma ordem sem cumpri-la -, ou se foi puro medo de ficar culpada caso a Lara tivesse alguma dor de barriga. Eu não vou dizer “foi por amor à minha filha”, porque acho isso muito piegas e também porque, francamente, o amor é um negócio muito diferente de cortar alguns itens da minha despensa por achar que, talvez, dê gases na menina!

Acreditando ou não na teoria do pediatra, o fato é que eu a segui à risca – e ela nunca teve cólica e sempre foi um bebê tranqüilo, dormiu a noite toda, etc. Acontece que muitos outros bebês são exatamente assim, e as mães jamais fizeram dieta zero-coisa-nenhuma.

E aí? O que passa e o que não passa, afinal? Quem dá mais?

***

Milk Shake sabor mentol

Para fechar o assunto (deixando em aberto): uma pesquisa realizada na Dinamarca mostrou que os sabores dos alimentos que as mães ingerem passam para o leite materno em pouco tempo. A banana, uma hora após o consumo. E o gostinho de mentol dura oito horas no leite!

Helene Hausner, que liderou a pesquisa, chega a sugerir que a variedade na alimentação da lactante seja importante para que o bebê vá se preparando para assimilar novos sabores no futuro.

Fonte: BBC Brasil

sábado, 18 de outubro de 2008

Sapatinho de bebê

Quando você ficar tímida.



Se quiser se enfiar num buraco.



Quando tiver medinho.



E se bater um medão.



Se resolver se arrumar sozinha.



Quando ficar esquecida.



E se precisar de uma ajudinha.



E quando quiser ir embora?


Peraí!
Leve um casaquinhooooooo!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Mudou-se

Se já era difícil segurar você, que agora falava frases inteiras, comia com a própria mão – e se divertia com os bigodes de feijão. Se já estava impossível não rir com a sua independência afoita ao contar os passarinhos no livro: um, dois, três, oito, catorze.

E como gostava do catorze!

Se os seus cabelos já formavam ondinhas no pescoço e você, vaidosa, olhava-se no espelho e inclinava a cabecinha, reproduzindo uma frase do papai sobre você mesma: “que charme!”. Se estava difícil mantê-la sossegada no colo, a não ser enquanto devorava a mamadeira ao acordar faminta. E depois do último gole, já escorregando do sofá:

- Acabou. Quer sair!

**

Aos 20 meses, adquiriu a tão sonhada casa própria.

domingo, 12 de outubro de 2008

Plágio do Papai

Hoje é dia das crianças e ela passou a manhã com o meu pai. Agora eu estou escrevendo no blog, e ela está com o pai dela.

Na verdade eu vim aqui para escrever, mas decidi que a melhor coisa que farei hoje por este blog é um doce e amável plágio:

"Ser pai é ter toda a coragem e todos os medos. O tempo todo. Ser pai é não ter música, livro, poema escrito para ele. Ser pai é nunca ser tão bonito, importante, esperto, sábio, paciente, íntimo, morno, macio, compreensível. Ser pai não é ser mãe. Ser pai é ser engraçado, moleque, bobo, esforçado, herói e réu, campeão desengonçado, incompleto, precário.

Ser pai é a melhor coisa da vida de um homem. Ser pai é a melhor oportunidade que temos de ir além de nós mesmos. E eles são tão maravilhosos que sempre estão dispostos a nos dar mais uma chance."


Não deixe de ler a crônica inteira (com direito a trilha sonora) no clube do papai da Lara.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Comida de bebê II: e quando ela só quis comer arroz?

Mas outro dia, quando ela ainda comia com a minha ajuda (ou da babá Cristina, ou do papai), encasquetou de querer arroz.

- Arroz! Arrozinho!

Aprendeu tudo no diminutivo, uma fofura. Dei o arroz. Pediu mais.

- A mamãe agora vai misturar um pouquinho de feijão, e...

Parecia que eu estava oferecendo pedras. Rejeitou veementemente, e também aos legumes, e a tudo que não fosse arroz ou arrozinho. Fui distraindo e dando o arroz, mas avisando que, depois, teria que comer também as outras coisas. Doce ilusão.

Quando acabou o arroz, queria mais arroz e não aceitava outra coisa nem por decreto. Mantive a calma aparente, repito, calma aparente. Conversei e fui levando, até que chegou ao ponto de “devolver” um tantinho de carne que eu tinha colocado na sua boca (obviamente, com o consentimento dela).

Mantive a calma aparente, repito, calma a-pa-ren-te, mas rapidamente expliquei que aquilo não podia e a retirei da cadeirinha.

- A mamãe está entendendo que você está sem fome, está bem, então o almoço acabou.

Mesmo que eu tenha dito isso com tranqüilidade e até forçando certa doçura na voz, embora sem jamais sorrir ou esboçar satisfação alguma (afinal, não aprovo o que ela fez e não quero que se torne um hábito), o fato de ter sido “interrompida” num jogo onde ela não aceitava regras – e que, portanto, era apenas um exercício/teste de limites – fez com que ela ficasse extremamente insatisfeita. Para dizer o mínimo.

Claro que, depois de alguns momentos de fúria parecendo que me odiava, passou o trauma e ela já estava brincando alegremente. Também eu tratei de não fazer drama; não acho que se deva ficar “esticando” essas horas de mal-estar ou reprimindo a criança.


Memória emocional

E mais: é surpreendente como os bebês apreendem as coisas rapidamente, e são capazes de se lembrar delas mais tarde. Normalmente, subestimamos neles essa capacidade de aprendizado emocional, porque parecem estar “resistindo” a entender certas normas, ou simplesmente se mostram distraídos e impermeáveis à nossa conversa. Não estão. Na verdade, eles ficam um pouco nervosos – ninguém gosta de ser contrariado! - e procuram subterfúgios. A Lara tem mania de “mudar de assunto” quando estou chamando sua atenção.

- Avião! Avião! Pé! Bola! Hipoglós! Bumbum! Quer biscoito.

Desanda a falar e aponta para todos os lados. Fica uma conversa de doido, porque ela segue dizendo suas palavras-desvio, e eu sigo explicando que não deve fazer assim, melhor é agir de outra maneira, etc.

Qual não é minha surpresa quando, numa nova situação, ela ameaça a mesma travessura, mas basta um olhar e já sai dizendo umas palavras do meu discurso, mostrando que ouviu e entendeu direitinho. Isso não a impede de seguir fazendo o “errado”, claro, mas vai incorporando o processo, aos poucos, e acaba deixando de lado o comportamento que já comprovou não surtir efeito.

Como o repertório é vasto, não demora a encontrar novas traquinagens para testar limites e ver se “cola”. Como diz minha mãe: educar não é difícil, mas tem que ter muita criatividade. Ô!

domingo, 5 de outubro de 2008

Já é

Então hoje, enquanto ela cantava a tal borboletinha que está na cozinha, foi que me dei conta: ter uma filha é a prova definitiva de que a vida da gente não tem mais como dar errado.

sábado, 4 de outubro de 2008

Comida de bebê

Comidinha de bebê é coisa do passado aqui em casa: com um ano e (quase) oito meses, naturalmente ela já come de tudo. Menos camarão e carne de porco, além de comidas condimentadas: normas do pediatra.

Agora está começando a comer sozinha. Confesso que retardei um pouco o processo, com medo do comportamento. O meu. Não que tenha mania de limpeza, mas coisa que me deixa nervosa é ver criança com comida até os cabelos, e o chão repleto de relevos não identificados. Como sei que não é bom para a criança ver a mãe aflita limpando tudo enquanto a coitada ensaia os primeiros movimentos com a colher, fui levando do modo antigo enquanto pude. Mas agora ela já tem, evidentemente, a coordenação desenvolvida. E vou deixá-la em paz com o seu pratinho e tratar de me dedicar, como boa mãe que sou, a atrapalhar outras coisas. Hoho.

Em tempo: admito, admito. Numa situação como a do vídeo abaixo, eu seria tão-somente uma mãe pendurada no lustre dizendo coisas desconexas enquanto alguém já estaria procurando um cabo de vassoura para me cutucar, tipo gato que subiu na árvore e paralisou. Menor condição.



É saudável para a criança, o tato, o cheiro, a coordenação, a bagunça, blá blá blá, ok. Repito: aqui em casa, menor condição. E ainda tenho a meu favor algo precioso, que é o fato da minha mãe também ter sido assim comigo: de uma só tacada, justifico em mim e ponho as culpas nela, ai, como é bom ser politicamente incorreta!

PS: Pelo amor de Deus, estou brincando. Mais ou menos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Parto sem dor

Eu estava em dúvida entre parto normal ou cesárea. Minha mãe teve dois filhos (gosto quando ela diz “quando eu te ganhei”, adoro o ganhei), ambos de parto normal, e ela sempre se referiu a isso como uma dor perfeitamente suportável, nada de mais. Mas eu sei que não é assim para todas.

Conversando com o meu (ótimo) obstetra e me confessando absolutamente ignorante nos detalhes técnicos dos tipos de parto, me lembro de ter ouvido dele:

- Você vai ter o que quiser, do modo como quiser. E essa história de parto normal com gritaria e sangue no teto é coisa do passado, viu? Hoje em dia não tem nada de mais.

No fim eu não pude escolher e tive de fazer cesariana, mas tudo correu tão naturalmente que eu não diria se tratar de um parto “anormal”. Nem mesmo a recuperação – que todo mundo dizia “óóó!” – eu achei tão ruim assim.

Portanto, não torço para time algum, não tenho convicções a respeito e nem quero ter. Ponto, parágrafo.
***


Chamou minha atenção essa entrevista com o anestesista americano Gilbert Grant, na Veja dessa semana. O médico tem praticado há 15 anos o seguinte método: antestesia peridural em doses progressivas, ao longo de todo o trabalho de parto. Normal. É o parto sem dor e trauma, garante.

Aqui no Brasil essa prática é rara; em alguns casos, por preconceito ou fatores culturais e até religiosos. Mas também pode ser falta de acesso à informação: o próprio médico admite que, até três anos atrás, acreditava-se que a mulher anestesiada com menos de 4 cm de dilatação poderia ter problemas com a progressão do parto. Hoje, sabe-se que pode ocorrer justo o contrário – e a anestesia estimular a dilatação. Dessa eu não sabia.

A matéria é muito interessante e merece ser lida. Ele explica sobre a evolução da anestesia peridural (tira a dor, mas não a capacidade da mulher de fazer força para o bebê sair – se aplicada na dosagem certa para o método), fala sobre os efeitos negativos do sofrimento no parto e afirma que não deixa nenhuma mulher que ele conheça e ame dar à luz sem anestesia, porque já presenciou milhares de partos e sabe bem a diferença.

---

Bom para refletir: “Recentemente, uma paciente minha tentou o parto normal durante horas, inclusive com peridural a partir de certo ponto, mas não conseguiu e foi preparada para a cesariana. Quando perguntei como se sentia, respondeu: ‘Eu sou um fracasso’. Ela estava a minutos de ter um bebê lindo e não conseguia viver a beleza do momento pelo excesso de rigor consigo mesma.”
Gilbert Grant, médico

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Máquina de acelerar

Os bebês são pequenas máquinas de acelerar. O tempo, as emoções, as alegrias, as angústias, a sensação de “vida aqui agora mais do que nunca já”.

Uma amiga, quando soube que a Lara tinha nascido, aconselhou: aproveita, porque agora tudo vai passar muito rápido. Mais rápido do que as pessoas dizem. Não sou de ficar alarmada com conselhos desse tipo - “todo mundo diz que...” -, porque já aprendi que o senso comum esquece pelo caminho alguns farelos aparentemente insignificantes, mas particularmente fundamentais. O que me importa, comove ou instiga pode ser justamente o pedacinho do bolo que você julga enjoativo e descarta, e vice-versa.

Sim, mas os bebês são máquinas de acelerar, e os bolos de aniversário sabem disso muito bem. E as amigas que dão conselhos porque também são mães, e as mães que dão conselhos porque também são amigas.

Um dos fenômenos que comprovam essa tese banal é o vaivém de comportamentos inesperados. Agora ela deu de gritar, e parece que tem no grito tamanha convicção que é capaz de não fazer outra coisa da vida por um bom tempo, a não ser gritar com entusiasmo quando vê, pensa, sente ou cheira qualquer coisa que a gente não sabe identificar. De repente, puf!, somem os gritos. O negócio agora é procurar helicópteros.



Acompanhar essa enxurrada de preferências e atividades entusiásticas que aparecem e desaparecem em poucos dias dá a nós, seres adultos mergulhados nas adultices da vida, uma sensação vertiginosa e contraditória: primeiro, os dias parecem imensos (acontece tanta coisa diferente!). Em seguida, temos certeza de que eles passam num soprinho, e já entra outro dia comprido que ops!, também sumiu num giro das hélices.

Bom é estar presente; essa coisa meio budista de não se deixar ausentar do instante. Quem tem mania de ordem e previsibilidade, como eu, certamente vê escapar aquela doce ilusão de ter o controle das coisas. Bobice de gente adulta, enfim. Vive-se perfeitamente sem isso.

Aqui passam muitos helicópteros, para os quais acenamos veementemente da varanda. Em dias de muita chuva temos sempre helicópteros no You Tube para quebrar um galho, além das boas e velhas revistas de papel. A moda vai passar em breve, e de todo modo é emocionante - porque a máquina de acelerar sempre aparece com uma surpresa maior, mais linda, mais-mais. E vira máquina de fazer bobos, orgulhos e babas variadas.

Quando passou a moda do piu-piu, por exemplo.

- Filha, vem aqui, rápido! Olha lá o piu-piu!

E ela me olhou, entre constrangida e séria:

- Gaivota.

PS: Nunca andei de helicóptero, tenho um medo que me pelo. Quem sabe?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Carrinho de bebê automático

Para mostrar aos nossos filhos e dizer: viu só como a mamãe (ou o papai), apesar de às vezes fazer (blá, blá, blá, acrescentar sua esquisitice preferida), é perfeitamente normal? Hehe.

domingo, 21 de setembro de 2008

Dias nublados

Filhota,

o domingo amanheceu nublado e a mamãe também. Como explicar? Não é triste. Nem dor. Não é vermelho nem rosa. Não é doce, gelado, pontiagudo, claríssimo, pesado, grito, riso, acidez, palavrão.

Às vezes, bate um vento por dentro e algumas palavras que a gente saberia dizer de cor e salteado resolvem brincar de pique-esconde. Um simples “bom dia” vira bom... bom... bom das quantas, mesmo? Bom por onde? Bom quando? Mas continua sendo bom, só esqueceu o quê.

Você também vai acordar nublada uns dias. Uma coisa bacana de saber é que as palavras fogem , somem e se procuram umas às outras por conta própria, sem que a gente precise fazer muito esforço para achá-las depois. Sentir-se à vontade com as suas palavras é sempre recomendável, ainda que uma ou outra pareça mais implicante, tipo esta: crítica.

Quando você amanhecer nublada e a autocrítica vier espetar suas nuvens querendo fazer chover, não precisa brigar nem ameaçar contar para a mãe dela. Tem gente que dirá: ignore! E você até pode. Mas uma outra possibilidade é escutar atentamente, depois oferecer um docinho e contar borboletas na varanda. Ela se distrai num instante, e você volta para os seus afazeres sem maiores trovoadas.

Se não funcionar, aí você conta para a mãe dela mesmo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sapatinho de bebê

Sei que o inverno já está passando, mas ainda acho que vale o post: ela usou tanto, mas tanto esses sapatinhos tipo meia-tênis (ou sapameia), com solado emborrachado! É uma delícia para o bebê que está apredendo a andar, e não fica caindo do pé como os calçados em geral, além de ser quentinho.

E os bichinhos são um sucesso à parte, claro.



Fonte

Mini-móveis infantis

Adorei essa mesa porco-espinho! As crianças podem enfiar canetinha e giz-de-cera nos furinhos (e como elas adoram isso).



(Hella Jongerius - 2007)
***
Fonte: Revista Casa
Veja aqui outros móveis de designer famosos em versão infantil.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Preenchendo as lacunas

De uns tempos para cá, deu de preencher lacunas.
Bico... da mamadeira.
Roupinha... do neném.
Colo... do papai. (É sempre o do papai!).

Essas lacunas mostram que ela adquiriu – ou está assimilando – o sentido de posse. Também preenche com o próprio nome (biscoito... da Lara), mas ainda não começou aquele processo tão característico de brigar pelas coisas dizendo “é meu”; isso eu acho que vem daqui a uns meses, segundo a literatura.

(Desde que engravidei, vivo grudada na literatura especializada. Como sou muito organizada emocionalmente e evito surpresas a todo custo, pensei que saber tudo sobre a evolução do feto, do bebê e da criança fosse me poupar dos sobressaltos. Hoho. Quando já estava estudando a pré-adolescência foi que me dei conta: a única diferença é que, agora, me assusto com um livro na mão. Ufa. Seria péssimo me assustar de mãos vazias.)

Filha, você está formando frases. Notou que as palavras têm uma função para além de produzir sons engraçados e fazer a música do sapo que não lava o pé. E não pára por aí. Depois de formar frases inteiras, você vai inventar parágrafos e enveredar por outros capítulos. Vai argumentar, ponderar, classificar, desqualificar, questionar, filosofar, etc.

Mas não se preocupe, porque a mamãe vai fazer tudo isso com você. Principalmente o “etc”.

- Filhota, você tem certeza? Essa meia-calça não parece um cone de trânsito? Aliás, dois? Como assim é para combinar com os brincos de triângulo de segurança? Ai, desde que você aprendeu a preencher lacunas tem sido assim...

PS: Pelo amor de Deus, só não vá esquecer que as palavras também servem para produzir sons engraçados e fazer a música do sapo que não lava o pé!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Algodão em bola

Só hoje de manhã foi que eu descobri (sou um pouco tonta): esses algodões em bola, na verdade, são duendes disfarçados. Na calada da noite, dão-se as mãos e formam uma roda que gira, cada vez mais veloz, e daquele efeito é produzido um pozinho mágico.

Entoando canções misteriosas e emitindo sons que lembram sinos, levitam, com essa ciranda-cirandinha noturna, até o berço do bebê. E lá derramam o pó, uniforme e impecavelmente, de modo a causar o espichamento repentino das perninhas e bracinhos (que ainda ontem não mediam mais que um palmo), o engordamento súbito (pesava o que, quatro quilos?) e a expansão desmedida do vocabulário, que, há poucas semanas, restringia-se a nhéé.

Quem diria, os algodões em bola.

Se a gente chegar bem pertinho, pode detectar as orelhas.

***

Aqui, informações gerais sobre o trabalho dos algodões-duendes:

12 meses – Tem interesse pelas cores e coopera para se vestir. Entrega um brinquedo quando pedem e sua linguagem fica mais apurada. Dá uns passinhos, porém prefere engatinhar para explorar o mundo. Já pode fazer alimentação variada com a família, mas gosta de comer com as próprias mãos. Define gostos e aversões, pode ter menos apetite e lembra onde estão guardados seus brinquedos.
Estatura e peso médios:
Meninos: 75 cm e 10,1 kg
Meninas: 74 cm e 9,8 kg

15 meses – Tira brinquedos dos outros, anda e quer subir escadas sozinho. Gosta de imitar os adultos, rabisca no papel com lápis de cor ou caneta e se diverte com água. Usa bastante a palavra não. Corre, brinca com bola, anda para trás e aumenta o vocabulário. Começa a comer sozinho. Sente a ausência dos pais e gosta de ouvir várias vezes a mesma história ou a mesma música.
Estatura e peso médios:
Meninos: 77 cm e 10,6 kg
Meninas: 76 cm e 10,4 kg

18 meses – Sobe com facilidade em cadeiras, abre e fecha gavetas e brinca com o controle remoto da televisão. Adora rabiscar, escalar móveis e consegue tirar uma peça de roupa. Fica mais manhoso na hora de comer e aprende a usar objetos como o telefone. Tem por volta de 16 dentinhos e deve ser estimulado a treinar o controle de xixi e cocô. Repete quase tudo o que ouve, aprende a montar quebra-cabeças e consegue cantarolar as músicas de que gosta.
Estatura e peso médios:
Meninos: 80 cm e 11,1 kg
Meninas: 79 cm e 10,7 kg

24 meses – Tem percepção de quem é. Sobe e desce escadas, tira os sapatos e peças de roupa. Em geral a dentição de leite se completa. Faz malcriação e mexe em tudo. Chuta bola sem perder o equilíbrio, tenta impor suas vontades, passa a sentir ciúme e consegue estabelecer o controle da bexiga.
Estatura e peso médios:
Meninos: 85 cm e 12,1 kg
Meninas: 84 cm e 11 kg

36 meses – Pede para ir ao banheiro e gosta da companhia de outras crianças para brincar. Canta, reconhece cores e começa a se vestir. Explica bem as coisas e continua aprendendo com facilidade e por imitação. Percebe os sentimentos dos adultos, deve ter os 20 dentes de leite e sabe comer de garfo e colher. Gosta de contar e ouvir histórias. Segura o lápis como um adulto.
Estatura e peso médios:
Meninos: 96 cm e 14 kg
Meninas: 90 cm e 12 kg

Fonte (e veja as outras fases): Isto É

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quando ela não quis pentear o cabelo

A ação decorre no quarto da menina, no período pós-banho. Mãe e filha estão em cena. Filha, um ano e meio, em cima do trocador. Mãe, 30 anos, à sua frente (pero no mucho).

Sinopse do argumento materno:

1. Minha filha, está na hora de pentear o cabelo.
2. Querida, vamos pentear o cabelinho agora?
3. Filha, bora pentear esse cabelo aê.
4. Filhota, a mamãe vai pentear o seu cabelo. NOW!

Não quer. Quer ela mesma “pentear”. Dou-lhe a escova na mão, ela se concentra e desliza nos cabelos, tão direitinho – mas com o lado certo voltado para cima. Acho uma gracinha e permito que brinque mais um pouco. Pronto, agora é hora de pentear de verdade. Ainda não quer. Faz nhé. Nhééé. Me olha, fulminante, com cara de não-sou-mais-sua-amiga.

Como sou mãe e não pega bem fazer “nhé” de volta, engulo o riso que quer sair e digo coisas que devo dizer. E sou tão organizada que digo em ordem.

1. Minha filha, está na hora de pentear o cabelo.

Agora ela cansou de ficar em cima do trocador, quer mamar, ver os passarinhos lá fora e dar a chupeta ao elefante cor-de-rosa – tudo ao mesmo tempo. E eu, que sou tão organizada, explico os antes e os depois, coisa que ela parece ouvir atentamente até que me faz uma pergunta crucial para o andamento do processo:

- Cai cai balão?

Agora ela quer cantar cai, cai, balão. Espera um minuto, a mamãe vai verificar em que ponto aparece essa música no repertório. Ah, sim! É justamente a trilha da cena em que a gente – adivinha? - penteia o cabelo.

2. Querida, vamos pentear o cabelinho agora?

Nisso ela está mordendo o cabo da escova, irredutível, e procura mosquitos no teto. Penso em quanto tempo já perdemos com isso, a hora marcada no pediatra, será que eu já peguei os documentos?

3. Filha, bora pentear esse cabelo aê.

Tiro a escova da mão dela, o que desencadeia um protesto melódico em forma de choro artístico, de modo algum convincente, mas suficientemente alto. Como sou mãe e não posso devolver melodias não convincentes, afino minha goela e mando um dó aveludado, prudente, central, materno e decidido.

4. Filhota, a mamãe vai pentear o seu cabelo. NOW!

Chegamos ao pediatra com 10 minutos de atraso. Ela ostentando um topete estilo arbusto e eu, com a maior cara de ópera, disfarçadamente assobiando em lá maior.

sábado, 23 de agosto de 2008

Achados do You Tube

Procurando Caymmi, encontrei Alice. Não percam.



E mais:

domingo, 17 de agosto de 2008

Dormir fora de casa

Fez um ano e meio e foi pernoitar fora de casa pela primeira vez. Os avós vieram buscar, ela fez uma farra comovente – queria levar a bola, a bola era importante, mamãe, papai, ó, ó a bola. Saiu abraçada com a bola, empoleirada no colo da vó, espevitada.

Quando entrou no carro e percebeu que o pai e eu não íamos junto, senti que ela deu uma travada, fez cara de ops. Mas passou rápido. A viagem foi tranqüila e soube que ficaram dançando na varanda (os três) até tarde da noite, filando a música da vizinhança em festa.

Enfim, dormiu. Minha mãe ligou no celular, conforme o combinado, embora eu já tivesse ligado umas duas vezes querendo saber até que horas, afinal, iria aquela rave.

- Mãe, ela dorme sempre às 8:20. Oito-e-vinte! Sempre.

Mas o apartamento da vó não tem o “sempre”, e ontem era o dia em que o “nunca” vira vez em quando. Vez-em-quandaram-se, os três, na varanda, olhando a lua e dançando a rave do vovô.

Aqui sentimos falta. É engraçado como a criança é tão baixinha, mas sua presença se espalha feito passarinhos por toda a casa. E a gente passa a se mover como se o piadinho deles orientasse o espaço, num jogo delicado de desvios e toques, e quando não estão é gozado o silêncio arrastando os móveis. Tropecei algumas vezes, fiz cara de ops.

Ou seja, vez em quando é ótimo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mamãezinha!

Eu tinha que contar para todo mundo, desculpe.

Estava tomando café da manhã e ela em volta, blá blá blá, biscoitinho, cereal (ela pede “ceal”), de repente parou e me disse bem assim:

- Mamãe...zinha.

- Filha. Você disse mamãezinha?

E ela, decidida:

- Mamãezinha.

Alguém ensinou, não sei quem foi. Se foi a babá, que é mesmo uma gentileza, ou se uma fada interferiu num sonho dela e: “plim-plim”, diga mamãezinha!

E eu, incrédula:

- Você tem certeza?

- Não.

Já seria demais, né? Se ela me dissesse “sim, tenho certeza que eu disse mamãezinha, porque você é minha mamãezinha querida do coração!”, não estaríamos falando de uma menina de um ano e (quase) meio. Dei outra chance.

- Você disse mamãezinha?

- Mamãezinha!

Beijei aquelas bochechas, peguei naquelas mãozinhas, sacudi aqueles pezinhos, conferi – o umbigo, os joelhos, as orelhas, os olhos do pai. Estava tudo lá, conforme já constava no ultrasom, conforme o médico anunciou que era menina, e nasceu, e amamentei, e cresceu e já tem cachos castanhos, as coxas que as tias reivindicam com justiça, a pele que as avós identificam, é moreninha mais que a mãe e o pai, conforme ninguém previu – quem poderia? - a alegria, o sorriso de sete dentinhos já graúdos, ai, conforme o primeiro instante em que ela me disse, súbita e lépida: mamãezinha. Me botou no diminutivo e me aumentou três oitavas e um sustenido.

Conforme chorei.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Clarice Lispector, mãe

"Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...]."

Clarice Lispector

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Minha mãe dava um livro

Chegou toda empolgada, tinha visto uma blusa lin-da na vitrine. Descreveu em detalhes.

- E aí? Comprou.

- Calma, estou contando.

- Hum.

- Entrei na loja. Pedi para ver o preço, já nervosa.

- Comprou?

- Calma! Pensei assim: se custar até xis reais eu compro, não quero nem saber. Fico toda endividada, mas compro.

- E custava xis?

- Doce ilusão. Custava dez vezes xis!

- Que peninha.

- Pena? Graças a Deus, isso sim. Já pensou se eu compro aquela blusa?

- Ia ficar cheia de dívida, né?

- Isso é o de menos. O pior é que eu não ia usar nunca. Ia ficar guardada no armário, eu me conheço. Onde eu iria com uma blusa daquelas? Você parece que não regula!

Hoho.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O que dizem as moças

Gosto de ler o que dizem as moças por aí. Outro dia, li a entrevista de uma atriz famosa, 26 anos. Tem uma cara ótima, corpo ótimo, etc, fala-se até que é boa atriz.

Pois dizia, entre outras coisas, que gosta de ficar em casa e fazer comida para o marido (ótimo), e que considera esse negócio de igualdade entre os sexos uma chatice (!!!), que nós, mulheres, só ficamos com o lado ruim (!!!???), o barato dela é ser cuidada e ganhar colo...

Me dá um frio na barriga, por Deus.

Agora, por outro lado, leia um pedacinho só da entrevista com a Patrícia Poeta – lindíssima, 31 anos - na capa da revista Uma:

Uma: Para você, o que torna uma mulher elegante?

PATRÍCIA: Acho que hoje a elegância está muito ligada à capacidade de cumprir múltiplos papéis sem abrir mão de ser feminina. Nós trabalhamos, temos carreiras de sucesso, estamos na política, cuidamos de casa, criamos nossos filhos e amamos nossos maridos – tudo ao mesmo tempo. Nossa geração está aí para mostrar que é possível. E como somos mulheres do século 21 e pudemos partir daquilo que nossas mães já tinham conquistado, fazemos tudo isso com jeito e alma de mulher. Dá um trabalho danado, mas é extremamente compensador.

Não custa tanto assim dizer uma coisa bacaninha, né?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Diário de balzaquiana

"Alguma coisa aconteceu com o meu metabolismo depois que dobrei a esquina dos 29 e entrei, cantando pneu, nos 30."

Leia a crônica inteira no meu outro blog.

domingo, 27 de julho de 2008

Domingo com Teatro de Bonecos

Domingo ficamos sem a babá, então haja energia para passar o dia todo acompanhando o pleno desenvolvimento de uma “moça” de um ano e meio! Tenho cá meus truques, claro. Para aqueles momentos (raríssimos!) em que é possível tê-la sentadinha no meu colo, nada melhor do que “ler” um livro com ela, brincar de ampliar o vocabulário identificando as figuras e contando historinhas...

Ou cantar uma música, ou duas, ou três. Outro dia o pai dela abriu o piano e ensaiou meia dúzia de coisas que precisava lembrar para um trabalho, depois saiu e eu fiquei com ela. E ela, apontando o piano: “Cocá! Cocá!”.

Tradução: “Vamos tocar, mamãe! Está um saco aqui, o papai saiu, não temos nada para fazer e eu gostaria de ouvir aqueles sons maravilhosos que ele tão brevemente fez surgir desse instrumento que eu sempre desconfiei que não servisse para guardar vinho... Será que você poderia levantar a bunda aí do sofá e tocar para mim, fazendo o favor?”.

Eta. Argumentei que mamãe não sabe, que tal esperamos o papai, ele não demora, e se não der hoje, amanhã bem cedo ele...

“Cocá! Cocá!”

Respirei bem fundo, abri o piano e mandei ver o meu esboço (ridículo, diga-se) de uma harmonia em dó maior, até porque nem sei para que servem aquelas teclas pretas, e com as brancas também não me meto a besta. Com esforço comovente e três dedos da mão esquerda praticamente engessados, grudo aquela seqüência elementar - dó, sol, dó, fá, dó, sol, dó. E canto: fuuuui morar numa casinha-nha infestada-da de cupim-pim-pim... Etc.

Pois não é que me olhou com uma cara sinceramente emocionada, tanto que me empolguei e já ia puxando uma oitava acima para repetir tudo, agora animadíssima – foi quando ela segurou minha mão com sua mãozinha e disse, agora entre temerosa e piedosa:

“Papai...”.

Já entendi, querida. Vamos procurar uma liquidação de bolsas no shopping e não se fala mais no assunto.

***

Mas, para o caso de não haver piano ou bolsas com 70% off, aqui vai uma ótima para distrair a meninada no domingão: essa companhia carioca de teatro de bonecos chamada Papa Vento é uma gracinha, e tem alguns vídeos com trechos das historinhas no You Tube.

Esse é o “nosso” preferido, porque ela adora ver o jacaré roubando a roupa da Vovó e o menino procurando o jacaré. É muito legal ver que ela está começando a curtir os diálogos, o suspense, as surpresas e as piadas da historinha.

sábado, 26 de julho de 2008

Lembrete

Filha:
No segundo domingo de agosto a gente finge que esqueceu, dá bom dia normal e, de repente, aparece com alguma coisa brilhante ou útil ou simbólica ou satisfatória - dependendo do orçamento.

(Imagina se a gente ia ter esquecido. As mulheres têm memória de elefante.)



* Vitrine da loja Papel Objeto, no Flamengo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O papai e a sua menina

O papai e a sua menina. Costuma funcionar assim.

Os pés estalam no chão, na saída do elevador, a chave procura o buraco da fechadura; de repente, o sol chegou. Não era fim de tarde ainda agorinha? E vai acontecer alguma coisa muito boa, ou a comida ganhou outro gosto, ou a sobremesa invadiu a colher e ela ganhou um beijo na testa. Ou tudo isso. Ele a rodopia, faz dar cambalhotas no ar, e seus braços são um balanço, mas também um seguro corrimão na hora do susto. Que ela gosta, e pede bis. Agora, a voz dele é anúncio de alguma festança que não tem nenhum motivo. E muito menos prazo para acabar - o que é melhor ainda.

Do nada, o papai e a sua menina. De lugar nenhum, um botão de camisa virou novidade, e tem outro, e mais outro. O que é isso? É seu nariz de campainha. Cadê a menina? Se escondeu atrás do risinho abafado de propósito para ele encontrar. Achou! Ela também quer que ele sinta alegria. Ela também quer ter os seus botões. E como tem.

O papai e a sua menina, plim!, ele fez uma mágica. Agora ela virou uma menina de circo - e ele virou trapézio, leão, palhaço, picadeiro e algodão-doce. Desde que ela nasceu, funciona assim: o papai e a sua menina. Sempre, sempre, todos os dias.

Às vezes, ele tem ido se deitar tão tarde que parece que nem vai dar tempo. Mas já acorda equilibrando bolinhas coloridas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Finalmente, invadiram meu Orkut

Invadiram a minha conta no Orkut, não sei com que finalidade. No lugar do meu nome apareceu uma palavra ilegível e, onde havia foto, puseram um bilhete assim: "tirei a foto porque o assédio era demais!".

Rá-rá.

Fiquei P* da vida e deletei a conta, claro. Perdi contato, de uma só tacada, com sei lá quantos amigos e conhecidos.

A vocês: desculpem!

Sou tão ignorante nesses assuntos que não sei se fizeram/fazem isso por algum prazer pessoal, ou se tenho inimigos ocultos na web, ou se é um robô que chupa a senha dos outros e depois, lá pela meia-noite, vai invadir a conta corrente para roubar meus dólares (pobrezinho). Não sei mesmo.

Por via das dúvidas, troquei todas as senhas da minha vida e já transferi os dólares para uma conta na Suíça. É questão de tempo, eu sei, daqui a pouco vai aparecer minha silhueta num quadradinho e os longos telefonemas (fazendo tricô com a minha mãe) no Jornal Nacional, um bafafá hiperbem-vindo que transformará de vez meu anonimato em passado perfeitamente deletável.

Não vejo a hora. Estava mesmo me sentindo muito rejeitada por nunca terem invadido minha conta no Orkut. Pega nem bem, né?

Manha para trocar as fraldas

De um tempo para cá, ela começou a reclamar na hora de trocar as fraldas. Enquanto era só um resmungo eu deixava passar, conversava e distraía um pouco, tudo bem. Mas a coisa foi complicando e se transformando em protesto. Ou seja, birra. Ou seja, manha.

Tive uma conversa séria com ela, expliquei que o bumbum não podia ficar sujo. Cada vez que eu perguntava “tá?” ela respondia, definitiva: “não.”

Filhota, a mamãe não está mais perguntando. Nós vamos combinar uma coisa. Não pode fazer manha nessa hora. E acabou-se.

(Me olhava, compenetrada).

Não fui rude, não levantei a voz, apenas expliquei que não pode e não pode mesmo. É mas ou menos como cantar de ouvido, você vai intuindo os caminhos melódicos. Repeti várias vezes o refrão: “nessa hora não pode fazer manha”.

E surtiu efeito. A gente pensa que eles não entendem, mas “é ruim” de não entenderem! Sacou tudinho, e tirei a prova no dia seguinte. Primeira troca de fraldas, ela começou a ensaiar a reclamação e eu apenas olhei bem sério e perguntei:

- Filha, lembra o que a gente conversou ontem? O que é que não pode fazer nessa hora?

E ela, animadíssima como quem adivinhou uma charada:

- Manhaaaaa!!!

Disfarçadamente, pegou uma boneca e começou a se distrair enquanto eu trocava a fralda. Danada!

sábado, 19 de julho de 2008

Blog de mãe

Um blog bem escrito, belo e doído demais. Blog de mãe. Aqui.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Voando baixo, mas voando!

Linda essa série do fotógrafo Jan von Holleben chamada Dreams os Flying. Ele realizou o "sonho" de algumas crianças, fotografando-as no chão como se estivessem voando.



Achei no Favoritos.

Mais fotos da série aqui.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Envelhecimento precoce - infantil!

Eu voltava do supermercado e um grupinho de crianças ia andando um pouco à frente das respectivas mães. Riam alto, gesticulavam – normal. Assim que passei por elas e ouvi o assunto, fiquei boba. Uma menina se queixava (com muito bom humor):

- Caraca! Eu envelheço muito rápido! Me lembro perfeitamente de quando eu tinha sete anos, parece que foi ontem. Daqui a pouco eu vou ser uma velha!

As outras achavam graça, quando um menino (mais novo) rebateu:

- Pior eu, que estou envelhecendo mais rápido que você. Ainda me lembro de quando eu tinha seis!

Vaias gerais.

- Aaaaah, não vale, né? Você só tem sete agora!

- É, e tem outra coisa: você é homem.

- E daí?

- Daí que homem envelhece mais devagar, todo mundo sabe.

As meninas eram maioria, sendo que a mais “velha” delas – que se queixava do envelhecimento precoce – devia ter, no máximo, uns nove anos.

***

Então. Em vez de ficar acusando a mídia e a indústria dos cosméticos, que costumam bombardear estúpidas observações subliminares sobre o envelhecimento como sinônimo de “avacalhamento”, vou pular para a cena seguinte. Corta para:

***

Elevador, domingo de manhã. Minha filha, meu marido e eu indo tomar o café na rua, felizes da vida porque conseguimos uma hora para dar uma escapadinha – programa em família.

Aquela luz de elevador, vamos combinar. Eu mal tinha dormido de sábado para domingo, mil coisas. Olhei o espelho e espetei, sem um pingo de consideração comigo mesma e com os demais:

- Tô véia. Cruzes. Tô véééia.

Ela não entendeu patavina, mas repetiu (porque repetir é seu esporte predileto no momento, e porque repetindo se aprende):

- Véééia!

Argh, que bela lição. A mãe se mira no espelho frio de uma manhã dominical e, fazendo cara de “que fiz eu da minha vida?”, lasca a sentença exagerada, injusta e inutilmente arrependida: tô véééia.

Isso é coisa que se diga aos 30? E aos 40? E aos 50? E aos 60?

Toma jeito, Bíbi.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Casaquinho no You Tube

A espera das mães

Esperas e surpresas de mãe... Seu Casaquinho, agora em videozinho.

Que acharam?
Beijos.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Balanço

Filha,

eu ontem sonhava que te via andando de balanço na pracinha. Minto! Eu ontem te vi, de verdade e ao vivo, andando de balanço na pracinha. É que parece que foi ontem quando eu sonhava, mas já faz o maior tempão, você ainda estava balançando dentro da minha barriga e eu nem sabia como seria esse seu rostinho tão risonho e entusiasmado andando de balanço na pracinha...

Como eu vou fazer para te explicar essas coisas do tempo quando você quiser saber, meu Deus?

Ai, o tempo.

Sabe quando você anda de balanço e a sua franja parece que vai voar no horizonte, mas na verdade não vai, mas você gosta de achar que vai, mas também tem um pouquinho de medo, mas é melhor continuar balançando e brincando de vai-não-vai-será-que-agora-vai?

Ai, o tempo.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Comida saudável para crianças

A quem interessar possa, eis aqui uma receitinha básica (em vídeo) de ovos mexidos com legumes - simples e saudável.

Fonte: iTodas TV

Aqui em casa temos essa ocupação constante de promover hábitos saudáveis de alimentação desde o princípio. Dá mais trabalho, mas também dá muito prazer ver a pequena comendo de tudo. As crianças têm uma curiosidade tão grande sobre as coisas, é bacana oferecer de tudo e ficar só observando as caretinhas que elas fazem ao experimentar um alimento pela primeira vez.

Estou de acordo com essa moça do vídeo: não esconder os legumes; mostrar que eles são coloridos e divertidos, sim, além de nutritivos. E comer saudável não precisa ser pasto com granola!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Babá

A nova babá está indo muito bem. Moça de 22 anos, casada e mãe de dois filhos (que moram com a avó), apareceu aqui por indicação da diarista-super-de-confiança de uma vizinha muito amiga nossa. Gostamos da cara e do jeito logo na entrevista, só tinha um probleminha: não podia dormir aqui em casa; as anteriores dormiam. Tinha de sair às 5h.

Expliquei que a rotina da Lara fica justamente mais “intensa” entre 5h e 8h – é quando ela janta, toma banho, mama e, finalmente, dorme (8h em ponto). Mas depois acabamos propondo um meio termo, e ela ligou no dia seguinte dizendo que topava: sai daqui às 7h da noite, depois de ter dado o jantar da Lara. O banho e a mamadeira sempre foi tarefa nossa mesmo, assim como colocar para dormir. Fazemos por puro prazer, já que ambos trabalhamos em casa (na maior parte do tempo) e é gostoso ter esse momento “relax em família” antes de ela dormir.

Até agora foram cinco dias e a babá tem se saído melhor que as outras duas que já tivemos. O fato de ela não dormir aqui nos limita bastante porque não podemos sair de casa juntos à noite, a não ser que tenhamos alguma vovó disponível para ficar com a Lara.

A parte boa é a privacidade, que, para mim, sempre valeu mais que ouro. Por mais adorável que seja a pessoa, sempre é alguém de fora dormindo na sua casa, e no dia seguinte está lá de novo, e de novo, e de novo... Por mim, preferiria sempre que a babá – ou empregada - fosse dormir em casa, junto da sua família, até para ter melhor qualidade de vida. Se bem que nem isso é regra, já que muitas preferem ficar longe das famílias e nem têm condições de morar decentemente.

Além disso, aqui no Rio (e nas outras grandes cidades) nós temos o problema das distâncias serem imensas e o transporte público, sabem como é. A moça ficar indo e vindo acaba saindo muito caro, sem contar o tempo que a coitada fica empenhada no trânsito diariamente.

Por essas e outras delicadas razões profissionais, pessoais e familiares, vou concluindo que o melhor de tudo é encontrar alguém que realmente entre em harmonia (acho essa palavra um pouco gasta, mas ainda ótima) com a família, que tenha bom caráter e muita disposição, e que saiba escutar – fundamental no processo de aprendizado, já que ninguém é obrigado a entender “no cheiro” as preferências do empregador.

Por aqui, vamos nos entendendo bem.

domingo, 22 de junho de 2008

Expo Bebê e Gestante

Estão divulgando que a próxima Expo Bebê e Gestante - a feira de roupinhas de bebê baratas - será entre 8 e 13 de julho na Marina da Glória.

Já fiz alguns comentários aqui sobre a feira de bebês quando estive lá, em maio, mas acabei não colando umas fotos que tirei de uma vitrine bacana de decoração infantil. Aqui vão elas - divertidas e coloridas!





Vocês vão querer me matar - e terão todo o direito! - porque eu trouxe para casa o folder da loja e acabei perdendo... Mas prometo que na próxima não falho. Hoho.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pula-pula

Passei em frente à pracinha onde tem um pula-pula que é a sensação da garotada. Animadíssimas, pula-pulando, uma dúzia de menininhas e suas franjas verticais de cores variadas.

E um único menino. Por sinal, vestido de super-herói.

Primeira conclusão: a proporção é preocupante.

Segunda conclusão: pobre do menino, esse tem mesmo (e terá) que ser super-herói para dar conta de todas aquelas franjas pulantes... Hoho.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Babá

Estreando babá nova hoje. Tensão...

domingo, 15 de junho de 2008

Não contrariar os filhos (e estranhas desocupadas)

Fui ao supermercado com ela no carrinho. Peguei um pão e ela disse: “pão”. Eu concordei, é isso mesmo, o pão, e guardei embaixo do carrinho dela. Tratou de fazer um resmungo, queria o pão.

- Mamãe te dá o pão depois, tá? Agora vamos fazer compras.

Ela nem ligou, mas uma senhora que estava sentada tomando um café veio – acredite – me chamar atenção.

- Por que é que ela estava chorando?

- Ela não estava chor...

- Meu Deus, mas é uma boneca! Coisa mais linda!

- Diz “obrigada”, filha.

- Mas por que é que uma bonequinha tão linda estava chorando?

- Ela só deu uma resmungada básica porque queria o pão.

- E por que você não deu o pão a ela?

Respiro fundo.

- A senhora não se preocupe, eu vou dar depois.

Aí ela disse uma frase ótima que eu juro reproduzir fielmente:

- VOCÊ FAÇA TUDO QUE ELA QUISER, VIU?

Minha sobrancelha deve ter se pendurado na lâmpada – aliás, tenho que voltar lá para buscá-la uma hora dessas. Que mulher mais metida, petulante, inconveniente, sem noção e (preencha a lacuna)!

Mas o único esporte que pratico nessas ocasiões é mesmo o arremesso de sobrancelha ao teto. Não discuto com gente desconhecida. Adoraria distribuir meia dúzia de pílulas ácidas, minha ironia é um laboratório divertido, desaforado, sei que feio não faço. Acontece que sou aquele tipo de tímida que tem vergonha pelos outros e por mim mesma, então guardo tudo no bolso e venho comentar no blog.

Mas não pense você que, de vez em quando, eu não rodo a baiana. Aliás, a gaúcha.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cães e crianças

A convivência de crianças com cachorros pode ajudar a prevenir asma e alergias - é o que mostra a recente pesquisa feita com 3 mil crianças na Alemanha.

Leia a matéria no excelente Blog da Bolinha - aliás, ótima dica de leitura para quem curte cachorros e animais domésticos em geral. Sempre atualizado, bem escrito, original e bem humorado, nota 10!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Táááu, pcó-pcó!

- Ó! Ó! Ó!

É a primeira coisa que ela me diz quando chego no quarto de manhã. E aponta com o dedinho para as coisas, e vai dando os nomes.

- Ó! Pé!

Aponta o pé.

- Ó! Pepê!

Aponta a chupeta.

- Ó! Neném!

A boneca.

- Ó! Có-có!

A galinha do livro.

Chegamos na sala, ela me mostra a mamadeira. Enquanto preparo, mostra o leite. Enquanto bebe, faz pausas e mostra o bico.

- Ó! Mamá!

De repente ouço um barulho, ela pára tudo e se emociona.

- Táááu, pcó-pcó!

E acena com a mãozinha para a janela.

"Táu" é tchau. "Pcó-pcó" é helicóptero.

Quero lhe morder a bochecha!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Educação Postural para Crianças

Uma coisa que descobri completamente por acaso na internet e acho que tem a cara do futuro – e, portanto, dos nossos filhos. Esse psicólogo chamado André Trindade é fundador do Núcleo do Movimento (Pinheiros, São Paulo). Ele pesquisou fisioterapia e dança para se concentrar na Educação Corporal, sua principal atividade nos últimos 20 anos.

Conforme informa o site (ótimo, por sinal), trata-se de uma atenção dedicada aos movimentos do corpo, não só de forma mecânica, mas como importante instrumento de expressão. A saber:

(...)
“O movimento e o gesto recebem atenção especial em meu trabalho. É a partir deles que identifico as disfunções corporais e comportamentais. Grande parte dos problemas posturais estão ligados ao "mau uso do corpo": são gestos e posturas que realizamos de forma inadequada no nosso dia-a-dia.

Além dessa possibilidade, encontro freqüentemente questões psíquicas e emocionais que se expressam através do corpo. São somatizações e tensões emocionais que vão desorganizar a postura e comprometer o bom funcionamento do organismo.”


E por aí vai.

Todo conteúdo do site é interessante, mas eu gostaria de sublinhar a seção sobre educação corporal infantil nas escolas. Quando lista os objetivos “e responsabilidades” (achei a palavra acertadíssima) da implantação do programa, diz, no terceiro item:

“Estabelecer um campo de relação e escuta para além das palavras entre o adulto e a criança;”

E no quarto:

“Possibilitar a compreensão da noção de postura corporal relacionada à atitude comportamental e assim, através de exercícios corporais, regular funções tais como: concentração, atenção, interesse, apatia, hiperatividade e agressividade;”

Para concluir:

“Por fim educar a criança para o gesto coordenado e para a postura harmoniosa e saudável.”

Mas me cativou mesmo esta idéia: estabelecer um campo de relação e escuta além das palavras.

**

Agora corta para uma cena exclusivamente adulta.

Cheguei num encontro entre amigos, dias atrás. Um me perguntou como tinha sido a minha semana, como estava a minha filha e como andava a minha hérnia de disco (tudo ao mesmo tempo, sem respirar).

Comecei a dizer que tudo estava bem. A outra já me cortou contando da empregada que brigou com o marido. O outro pediu um chope e me cutucou para saber se eu queria. Respirei. Ele pediu dois e uma quiche, quis saber se eu gostava de alho-poró. Alguém elogiou minha blusa.

E tocava uma música de consultório de dentista (em volume de broca, dolorido).

**

Bom, a verdade é que ninguém escuta mais ninguém!

Portanto, qualquer pessoa que venha com a proposta de ensinar a arte da escutatória (seja além das palavras, como propõe o André Trindade, seja em cima, em baixo ou ao redor delas) terá meus R$ 10,00 na caixinha.

E meu eterno agradecimento por tentar fazer o mundo melhor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Feira (roupinhas de bebê baratas)

Dei uma passada na Expo Bebê, a feira de bebê e gestantes que acontece de tempos em tempos aqui no Rio. Tem muita coisa de qualidade e, realmente, alguns preços compensam.



Carrinhos de bebê e outras big tralhas

Quando eu estava grávida e nós compramos o enxoval nessa feira, fiquei com a impressão de que as coisas “grandes” (carrinho, banheira, cadeira de refeições, etc) tinham preços mais ou menos equivalentes aos que encontramos nas “boas casas do ramo” ou nos sites. Claro que há opções baratérrimas, mas aí também mora o perigo: como a feira é imensa, há muita variedade de produtos e é fácil se enganar com a qualidade. O famoso barato que sai caro.

Portanto, a minha dica para as compras maiores é pesquisar a opinião dos usuários antes de investir em qualquer coisa. Dê uma volta na pracinha e observe os carrinhos de bebê; não se constranja em abordar uma mãe com questões sobre praticidade, conforto, portabilidade. Se você está grávida, aproveite! Todo mundo gosta de ajudar mulher grávida, conta pontos. Hoho.

Se você for meio acanhada - como eu -, vá aos fóruns da internet. Mas é sempre melhor ver de perto.

O grande problema dos carrinhos de bebê – e seus acessórios - é o sistema de fechamento. E isso você só consegue descobrir depois de usar o produto no dia-a-dia. Na loja, o vendedor faz aquela espécie de ginástica demonstrativa e vai dando o texto:

- Aqui é só fazer assim, aperte, puxe, clic, cloc, e pronto!

Quando você vê, o carrinho está encolhido a ponto de quase caber no bolso.

Soma-se a isso o fato de você estar exausta, esbaforida e acalorada no meio daquela multidão de barrigas e cotovelos espetando indiretas como: “sai da frente, vai ficar o dia todo aí?”.

Acaba correndo o risco de levar uma geringonça cujo design é um espetáculo - inversamente proporcional ao prazer que proporciona, mas isso você só terá chance de descobrir quando estiver chovendo, o salto quebrar, a criança chorar, o porta-malas não abrir e... Táxi com chuva, onde você já viu?

Roupinhas de bebê

Comprar roupinhas de bebê na feira pode ser muito proveitoso. Tem ofertas aos montes, é só ter calma para separar o joio do trigo.

Minha superdica (e não é jabá!) é essa loja chamada D’Bella For Baby. É a segunda vez que chego à feira e vou direto procurar o estande delas, e acabo comprando 70% do que preciso lá. O show room é em São Paulo.



A qualidade é claramente superior e você encontra ótimos preços; melhor ainda se comprar na estante de “últimas peças”, uma verdadeira pechincha. Claro que não é tão barato quanto aquelas malhas vagabundinhas que vendem de “balaio”, e que até servem para o bebê bater no dia-a-dia, mas a gente sabe que logo ficarão feiosinhas. No entanto, a diferença de preço nem é tão grande se você comparar os padrões.

Nessa loja eles trabalham com peças bordadas “na tradicional máquina de bordar de joelheira”, informa o site. São figuras coloridas lindinhas, que depois são recortadas à mão e aplicadas nas roupas de algodão. Os apliques ainda recebem uma plastificação; isso impede que desfiem após as lavagens.

Infelizmente, o site não faz jus ao capricho das peças. Há poucas fotos dos produtos, tudo meio de longe. Depois vou tirar fotos das roupinhas que eu comprei e colocar aqui para vocês verem.

Essa foto que eu tirei lá do estande ficou tremida, mas dá para ter uma idéia nesse primeiro macaquinho (com casaco) azul, e também no lilás. Aqueles quadradinhos são as tais aplicações bordadas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Expo Bebê e Gestante

Queridas,

a feira de roupinhas de bebê baratas começa amanhã na Barra e vai até dia 18.
Vamos?

Vai ser no Rialta - Av. das Américas, 9.650. Para quem vai em direção ao Recreio, é logo depois do hospital Rio Mar.

PS: Essa data já é uma remarcação; a justiça impediu a edição anterior com base numa ação movida pelo sindicato dos lojistas alegando concorrência desleal. Portanto, antes de sair de casa eu ainda vou dar uma última confirmada.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Exames de bebê

Exames de rotina: urina e fezes

Foi a nossa primeira vez. As fezes são mais fáceis, você só colhe o material na fralda, põe no copinho coletor e leva ao laboratório. A urina é um pouco mais chatinha, já que é preciso levar o bebê ao laboratório. Lá, uma funcionária põe um saquinho plástico dentro da fralda (tem uma cola que vai na virilha para não vasar), e aí é só esperar. No nosso caso, esperar muito.

Papai e mamãe deixaram para almoçar depois do laboratório. Roxos de fome, e ela nada.

- Mais um pouco de água, filha?

Ela bebia um gole e logo se distraía com os brinquedos. E nada do xixi. Passou meia hora. Quarenta minutos. Recebemos um pacotinho “Kids” com lanchinho. Detonei os biscoitos salgados. Fiquei de olho nos doces, mas tive idéia melhor.

- Vamos dar os doces para ela! Dá sede. Vai beber água e fazer xixi.

Comeu os biscoitos, bebeu meia mamadeira de água. Passou uma hora, zero xixi.

- Depois de uma hora nós precisamos substituir o saquinho – avisou a moça simpática.

Pronto, venceu o saquinho. Tira o saco, bota outro saco. Fome, fome. Cheguei bem perto dela, como quem não quer nada e...

- Sssshhhhhhhh!!! Ssshhhhhhh!!!

- Que é isso?

- Barulho de cachoeira. Tiro e queda. Ssshhhhh!

Necas.

Uma hora e meia depois, urinou lindamente e pudemos deixar o recinto.

Almoçamos, cada qual um boi.

***

Recomendo o Laboratório Lâmina para exames de bebê. Algumas unidades, como essa de Botafogo, têm uma área pediátrica (Lâmina Kids) com atendentes muito gentis que lidam com as crianças. Para distraí-las, um parquinho todo decorado e divertido, cheio de brinquedos, coisas penduradas pelas paredes e uma pequena TV passando desenhos num volume muito agradável. Nota mil.



Para os papais, cafezinho e pufes.

Os resultados dos exames EAS e parasitológico saem no dia seguinte. Não precisa marcar hora.

As outras unidades com ambiente pediátrico são: Aropador, Barrashopping, Ipanema e Niteóri (Icaraí).

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Promoção Dia das Mães

Recebo promoção por e-mail: "deixe sua mãe mais bonita com perfumes, maquiagem e muito mais".

Caríssimos, o negócio é o seguinte. Do jeito que está, já dizem que ela parece minha irmã. Se consigo fazê-la ainda mais bonita, são capazes de dizer que parece minha filha!

Compensa, não.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Caixa dosadora de leite em pó

Da série: Bugigangas! Não vivo sem.

Distraída, descobri por acaso, nas Americanas da vida, essa tal caixinha dosadora de leite em pó (o nome veio através do Google, eu não fazia a menor idéia). Estava lá, num balaio enorme, e custava cerca de R$ 2,00. Achei curioso e me encantei de primeira, é realmente muito prático!



Tem três compartimentos separados. A tampa você gira, e direciona sua (única) abertura para o compartimento que desejar. Daí é só virar o pó dentro da mamadeira com água e está pronta a refeição.

Descobri um pouco antes da viagem, e foi o melhor negócio. No avião, no hotel, em todo lugar - facilita muito a nossa vida. Deixar as coisas prontas com antecedência é sempre bom quando se tem um bebê faminto nos braços.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Vendo poesia usada, motivo: botas novas

Filhota

O dia das mães se aproxima
E eu vi um par de botas na vitrine

(Uau! Só digo isso)

Mas você hoje me deu um abraço
Está bem, eu pedi
Está bem, quase implorei!

Mas você, você, vocezinha
Com esse seu um ano e pouquinho e só
Como poderia entender?

(Marrom, de cano alto, bico redondo)

Quando vi - e eu nunca tinha visto antes
Você veio vindo com os dois bracinhos
E se enroscou no meu pescoço, assim
Deitou o rosto no meu ombro, assim

(Pareciam tão confortáveis, eu andaria quilômetros com aquelas botas!)

E o melhor de tudo:
Você era, minha filha,
Tão de verdade.

(Troco poesia do tipo “simplesinha” por par de botas do tipo “uau!”, assim que você tiver seu próprio dinheiro e eu, menos vergonha na cara ainda).